A vegetação carioca não tem um minuto de paz: em algum momento de terça pra quarta (14 para 15/06), duas semanas depois do Dia do Meio Ambiente, alguém cortou e derrubou parte da formação de manguezais, abrindo uma clareira às margens da lagoa Rodrigo de Freitas, na altura do Parque do Cantagalo, onde está sendo construída parte da ciclovia. “O de sempre, fruto da certeza da impunidade. Alguém, que nunca saberemos quem foi, de ontem para hoje, visando supostamente ter maior vista do espelho d’água da Lagoa, se sentiu no direito de cortar a vegetação”, diz Mario Moscatelli, biólogo que cuida do ecossistema por ali, há 33 anos.
E continua: “Por ‘pura coincidência’, esses eventos ocorrem justamente na frente de vendedores de produtos (coco e refrigerantes). Depois de a Lagoa recuperada, aparece fulano e ciclano para cortar o que acha que tem algum direito, seja pelo motivo que for. A patrulha ambiental já foi alertada bem como o secretário estadual de ambiente. O que não pode é continuar o clima de impunidade”.
Na última semana, ele estava comemorando o surgimento de uma nova espécie na lagoa, a ave saracura-três-potes (ou saracura-do-brejo), e no início do mês, fez a limpeza, plantio de outras espécies e soltura de caranguejos (guaiamuns).
Em janeiro, mais ou menos 55 mudas de manguezal e espécies vegetais da lagoa foram furtadas de dois pontos. Em 33 anos, Moscatelli já plantou mais de 4.500 mudas, das quais 250 foram colocadas de outubro para cá, quando, pela primeira vez, a iniciativa privada passou a apoiar a iniciativa.
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