Neste Dia dos Namorados, a pergunta mais importante a ser feita é: “Dedico tempo e atenção à minha relação?” Os últimos dados do IBGE refletem que não, não estamos dedicando tempo e atenção às nossas relações. Nos últimos cinco anos, houve um aumento de 75% nos divórcios; entre 2020 e 2021, esse aumento disparou para 265%, um número estarrecedor!
Sim, nos últimos anos, tivemos que adaptar-nos a um convívio muito mais intenso com nossos pares; para a maioria dos casais, isso foi um teste severo de resistência. É extremamente complicado viver sem as bengalas do dia a dia, sem as distrações, como a convivência com os amigos, programas, passeios e entretenimento, que faziam a convivência menos intensa e mais amena. No entanto, o que ficou muito claro é que a maioria dos casais simplesmente não se conhece. Parece que um olhou para a cara do outro e perguntou: “Quem é você?”
Essa falta de conhecimento ficou ainda mais gritante no âmbito sexual. Aparentemente, a falta de intimidade, sem o corre-corre dos compromissos diários, pôs em evidência o sexo mecânico, sem graça e aborrecido, que antes passava de forma despercebida. O que antes poderíamos varrer para debaixo do tapete ganhou protagonismo e, consequentemente, foi evidenciado de forma gritante.
Muitos vão se perguntar: “Mas o sexo é tão importante assim?” A resposta é simples: sim, a intimidade é extremamente importante no relacionamento a dois. É ela que vai proporcionar ao casal o fortalecimento do vínculo, a sensação de “nós contra o mundo”, que é tão importante para a sobrevivência equilibrada, saudável e feliz da união.
Ao nutrir a intimidade sexual, o casal se coloca numa posição vantajosa para encarar os desafios e problemas que, inevitavelmente, se apresentarão ao longo da vida. Com esse aspecto tão crucial enfraquecido, não se pode contar com as ferramentas tão valiosas que são desenvolvidas na intimidade. Sendo assim, fica muito mais fácil se desprender da parceria e optar por um novo começo, sem aquele que já foi seu amor.
Sabemos da importância da manutenção do casal para a preservação do núcleo familiar. Sem um olhar mais atento, podemos abrir mão de uma perspectiva de união benéfica não só para o casal em si como também para a família como um todo.
É sempre bastante triste a desilusão de uma parceria. Contudo, o que é ainda mais triste é a dissolução que, se tivesse sido regada com a atenção necessária, poderia ter um resultado tão diferente. Uma parceria pode fazer a diferença para ultrapassar momentos difíceis, como a pandemia, entre outros desafios que a vida sempre acaba proporcionando-nos. Ao se tornar uma parceria de sucesso, firma-se também uma influência positiva não só para o casal mas também para todos ao seu redor.
Compartilhar é da natureza humana. Sabemos que tudo que dividimos com quem amamos ganha mais validação – o que é bom fica melhor sempre se compartilhado, do mesmo jeito que encarar os momentos difíceis torna-se mais fácil na companhia do outro.
Por isso, neste Dia dos Namorados, o maior presente que você pode dar à sua relação é passar a tratar todos os dias como o Dia dos Namorados, ou seja, enxergando, em cada dia, uma oportunidade de resgatar o amor e os motivos pelos quais vocês escolheram um ao outro para embarcarem, juntos, nessa linda jornada chamada vida.
Tatiana Presser é psicóloga e educadora sexual. É autora do livro “Vem Transar Comigo” (Rocco), que deu origem à peça “Vem transar com a gente”, encenada por ela e seu marido, o humorista Nizo Neto, sucesso nos palcos e no mercado literário. Ela acaba de lançar um curso para mulheres que precisam renovar a relação.