O artista mineiro-carioca Afonso Tostes inaugurou a mostra “As coisas que ainda existem”, com 16 trabalhos inéditos, na Mul.ti.plo, no Leblon. Conhecido por suas esculturas em madeira descartada, ele se arriscou num novo formato: peças esculpidas sobre carvão. Os trabalhos foram criados na pandemia, com todas aquelas reflexões sobre os impactos ambientais, como o aumento das queimadas no País, mudanças climáticas e extinção de espécies. “Trabalho sobre o que já existe, coisas descartadas por aí, que sofreram a interferência da mão humana. Me interessa a relação do homem com a natureza, com as pessoas, das nossas expressões visíveis e invisíveis”, diz Afonso, que não faz uma individual no Rio desde 2015.
O carvão é de resto de árvores carbonizadas numa queimada na região de Visconde de Mauá (RJ). Depois, ele encontrou, numa rua de Copacabana, um dicionário ilustrado da década de 1960. “Tinham várias reproduções de pinturas da natureza, uma catalogação das espécies. Daí nasceu a série carvão esculpido com ilustrações de borboletas, peixes, aves, roedores, insetos e mamíferos”, diz.