No último sábado (19/02), participei de um abraço simbólico promovido pelo memorialista e restaurador Marconi Andrade, ao que sobrou do Palacete Visconde de São Lourenço, na Rua dos Inválidos, n° 193, no Centro. Nos últimos dias, parte de sua fachada passou por uma demolição parcial sem o conhecimento das autoridades.
Essa fachada colonial, desaparecendo pouco a pouco, é o que por enquanto resta de um dos imóveis mais importantes construídos no século XVIII, ainda existentes no Rio. Até a década de 1990, quando sofreu um incêndio, o prédio tinha três andares, 68 cômodos e cerca de 500 moradores. Isso ocupando um terreno de mais de mil metros quadrados que hoje é usado por um estacionamento.
Em 1938, foi tombado pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Recentemente, o tombamento do imóvel foi cancelado pelo mesmo IPHAN, como consequência de um processo administrativo iniciado em 2014. Segundo informações, o “destombamento” (algo raro) ocorreu sem o caso ser levado ao conselho consultivo, por ação direta da presidência do órgão.
Foi alegado “falta de materialidade“. O órgão entendeu que o imóvel não existe mais, apesar de sua fachada estar lá, com dois pavimentos de pé-direito alto. Embora o interior do prédio não exista mais, o restauro da fachada é possível já que existem muitas fotografias antigas que o mostram em seu esplendor.
Com a repercussão do caso na mídia, o “destombamento” foi cancelado. Agora, uma das possibilidades é desapropriar o imóvel histórico para que passe por uma revitalização no futuro. A Defesa Civil interditou a calçada após um pedaço da fachada cair ao meu lado, durante esse abraço simbólico. Evite passar na calçada ao redor das ruínas do palacete.