A marchande e leiloeira Leslie Diniz está com um tesouro em seu catálogo: a Fazenda Alpina, construída pelo então imperador D. Pedro II na segunda metade do século XIX (finalizada em 1867), em Teresópolis. A casa e todos os mais de 1,5 mil itens que ali estão vão ser leiloados no dia 24 de janeiro. O valor inicial não é anunciado nem sob tortura, a pedido dos atuais donos, que vão morar fora do País, e preferem não ter os nomes divulgados. “A casa é toda original e não está tombada pelo patrimônio histórico. É um sonho, um mergulho no tempo. Quem comprar vai levar uma vida de barão. Ali, as paredes falam, os vidros são autênticos, tudo é curioso. É tão extraordinário que a família não divulga nem o lance inicial e está aberta a propostas. Os proprietários estão muito felizes porque eles não queriam vender os itens para antiquários, mas para historiadores e pessoas interessadas na História do Brasil”, diz Leslie.
A casa principal fica numa área de 600 mil metros quadrados, com 1.900 m² de área construída, feita em alvenaria de pedra com alicerces de óleo de baleia, pedra e cal, muito comum à época, e é cercada por 64 grandes janelas. São nove cômodos, nove salas, uma capela (dentro da casa), nove banheiros, uma adega, um escritório e duas cozinhas. Do lado de fora, dois enormes lagos, um heliponto para pouso de dois helicópteros simultaneamente. Contatos pelo WhatsApp (21) 96978- 7199.
Entre os itens, uma bandeira imperial desde a fundação da casa, colocada por D. Pedro, com o brasão do império, e várias louças que pertenceram ao aristocrata e abolicionista português Rodolfo Smith de Vasconcellos (1817-1903, o tataravô da política Marta Suplicy), que teve a ideia da construção do Castelo de Itaipava, projetado pelo arquiteto Fernando Valentim. Veja aqui a imagem de todas as peças.
Quem morou ali a convite de D. Pedro foi o aristocrata e zoólogo suíço Emílio Augusto Goeldi (1859-1917), que chegou ao Brasil aos 21 anos, contratado pelo Museu Imperial, em 1884. No ano seguinte, foi nomeado subdiretor da Seção de Zoologia, desenvolvendo estudos por cinco anos, quando foi demitido e, sem renda para sustentar a família, foi para a terra do sogro na Serra dos Órgãos, onde dirigiu um núcleo de imigrantes suíços na então Colônia Alpina (atual Teresópolis). O projeto de colonização desandou e, no fim do século XIX, com a transferência de Goeldi para o Pará, a fazenda foi vendida para uma nova família da aristocracia imperial.