Casamento é sempre uma piada; muitas vezes, de mau gosto. Às vezes, porém, o aparente, embora não transpareça e soe falso, é aquilo que representa mesmo. E mais: casamento é união das diferenças que pretendem igualar-se, que não conseguem, e as pessoas se desesperam. Contar esse percurso de uma piada que poderia ser uma tragédia é a proposta de “Até o final da noite”, de Júlia Spadaccini, com direção de Alexandre Mello.
Um casal, cujo filho vai trabalhar no exterior, recebe um jovem casal para jantar. Nessa dinâmica, é que Ângela Vieira e Ísio Ghelman interpretam, de forma magnífica, o casal “adulto”, e Letícia Cannavale e Rogério Garcia, o casal jovem, desenvolvem, com muito humor, os impasses das diferenças de gerações, objetivos, papéis.
Com uma técnica dramatúrgica, que faz a peça ganhar mais densidade, pois utiliza um jogo cênico de sucessivos episódios que estão acontecendo simultaneamente, evidencia-se que cada personagem, em algum momento, funciona como uma escada para o outro, a fim de destacar não as diferenças, mas as similitudes.
Sobre o trabalho, Ângela Vieira destaca que, nesse espetáculo, tudo lhe é novo: os companheiros, a direção, a autora. Ângela, que foi bailarina do Teatro Municipal, além dos pequenos momentos em que dança, acaba por ser a “prima ballerina”, pois é, a partir de seu personagem, que os outros, em forma de um “pas-de-deux” ou “pas-de-quatre”, mostram que viver acasalado vai além de ser um par.
Serviço:
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