O projeto “Negro Muro” entregou mais um personagem para a cidade esta semana: um painel retratando Sandra de Sá em dois momentos, criados pelo grafiteiro Cazé, na entrada da Caprichosos de Pilares, escola de samba com a qual a artista tem profunda ligação. É a segunda das três homenagens, em parceria com a Sony Music, pelo projeto “Voz e Tons”, que começou em outubro, com um painel de Martinho da Vila, em Vila Isabel.
“Sandra é uma das maiores cantoras da black music no País e uma figura importante do subúrbio carioca, sempre descrevendo a região em suas músicas, bem como sua africanidade — ela é neta de um cabo-verdiano. O projeto percorreu diversos pontos do bairro importantes para sua carreira, como o bar do Laércio, a entrada da casa onde morou na Rua Guarabu, o Centro de Comércio e Indústria de Pilares e a Igreja de São Jorge. Foi muito importante testemunhar o reconhecimento de todos sobre o quão ela é admirada e querida no bairro que é seu berço”, diz Pedro Rajão, o produtor do projeto.
O grafite foi inspirado na vida em Pilares, que já foi cantada pela artista, mas Cazé também pensou em destacar a amizade com Cazuza (1958–1990) — padrinho de Jorge de Sá, filho de Sandra —, que aparece num cartaz ao fundo da pintura.
A entrega da arte em novembro foi providencial já que é comemorado o mês da Consciência Negra. No ano passado, na mesma data, a coluna conversou com Sandra sobre racismo, a comemoração dos 40 anos de carreira e “otras cositas más”. “Já sofri racismo, mas não mais. Se rolar, claro, você tem mais é que gritar. Acho também que tem a parada da crioleba se respeitar, se impor, porque, se baixarmos a cabeça, porra!, aí não rola. Não podemos ser submissos, alimentar o racismo. Isso é que tem que ser o pensamento da crioleba. Eu sou preta, gorda e gay, sacou? E venho de um subúrbio da Zona Norte e estou aqui. Meu lema é parar de correr atrás e chegar junto”, disse ela à época. Confira a entrevista completa aqui.