Foi um festival de guarda-chuvas, por razões óbvias, a abertura da mostra “O tempo completa: Burle Marx, clássicos e inéditos”, na Casa Roberto Marinho, no Cosme Velho, nesse fim de semana. Os cariocas estavam frenéticos para a primeira exposição do acervo do Instituto Burle Marx — três meses depois de o sítio homônimo ser reconhecido como Patrimônio Mundial da Unesco —, que ocupa toda a área de 1.200 metros quadrados.
São 130 peças, entre desenhos, fotografias, plantas de projetos, croquis, maquetes, documentos e pinturas, inéditos e clássicos, de Roberto Burle Marx, selecionados pelo olhar atento dos curadores Lauro Cavalcanti e Isabela Ono. “Burle Marx foi um incansável precursor na defesa do meio ambiente. Incorporou à sua atividade, na condição de maior paisagista mundial, a missão de proteger as florestas e os biomas nacionais. É esse legado que homenageamos”, diz Lauro, também diretor da Casa Roberto Marinho.
A escolha do lugar não foi aleatória: os dois Robertos ( Marinho e Burle Marx) foram amigos a vida inteira, e coube ao paisagista assinar os jardins do jornalista, em 1938. O projeto é da mesma época do paisagismo do Ministério da Educação e Saúde, atual Palácio Gustavo Capanema, no Centro, em projeto também de Lúcio Costa e Oscar Niemeyer.
Grande parte do ‘patrimônio’ de Burle Marx chega ao público com a dedicação incansável do seu maior parceiro e amigo, Haruyoshi Ono, considerado a semente do Instituto, pai de Isabela Ono. “A exposição trabalha com essa ideia tão atual de construção coletiva. Em uma análise dos projetos do Burle Marx com meu pai, percebe-se o desejo de ter cidades mais verdes, acessíveis e inclusivas, que privilegiam espaços de contemplação e encontro”, diz ela, que é diretora executiva do Instituto Burle Marx.