Água contaminada para os moradores do Rio — caso da geosmina, substância que causou cheiro e gosto ruins nos últimos dois verões — pode render multa de R$ 500 mil para concessionária responsável, no caso, a Cedae. É o que determina lei sancionada por Eduardo Paes nesta sexta (22/10). Como sabemos, o caso é recorrente, e ninguém melhor para falar sobre o assunto, do que o biólogo Mario Moscatelli, o guardião do ecossistema carioca: “Eu alerto sobre esse problema (contaminação do ponto de captação da estação de tratamento de água do Guandu) desde 1999. Nenhuma autoridade me deu ouvidos, a não ser quando explodiu a primeira crise da geosmina. Inclusive em novembro do ano passado, eu alertei mais uma vez, mas também ninguém tomou nenhuma providência, o que gerou a segunda crise da geosmina.”
E continua: “Passados 22 anos desde meu primeiro alerta, agora a distribuição ficará por conta de uma empresa privada, e haverá multa. O que eu não consigo entender é qual o motivo que impedia antes de o poder público multar a estatal? Enfim, espero que as causas da degradação da água sejam combatidas, a principal: o crescimento urbano desordenado, que é competência das prefeituras. Se não houver saneamento universalizado e ordenação do uso do solo, vamos acabar secando gelo.”
Segundo a lei, a multa será aplicada sete dias depois de a empresa ser notificada e ainda não ter regularizado o fornecimento de água de qualidade. O valor será corrigido anualmente, conforme o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E), e o dinheiro vai para o Fundo Municipal de Habitação de Interesse Social.