Sabemos que moda é a personalidade que podemos comprar, mas, como muitas vezes isso acontece por impulso, o brechó entra como uma oportunidade de consumo consciente. Afinal, quem não quer se vestir bem, ser sustentável e descolada?
A ideia do Personal Brechó nasceu logo depois que fiz a minha formação em consultoria de imagem e passei por um longo processo de autoconhecimento, natural de quem estuda mais a fundo questões como estilo, coloração pessoal e tipo físico, por exemplo. A partir daí, resolvi fazer uma limpa no meu closet e abri uma página bem simples na Internet, onde eu mesma fotografava e colocava à venda. Não existia Instagram nem Facebook ainda. Pasmem: vendi tudo em 48 horas.
O bom é que, hoje, comprar em um brechó já não tem o mesmo estigma de coisa velha, com cheiro de mofo, como antigamente; pelo contrário, é visto como algo trendy. As pessoas estão com a mente mais aberta, as mulheres com mais autoconfiança e livres de preconceito. Conseguem ver a oportunidade de comprar um produto de qualidade, muitas vezes exclusivo, por um terço do preço original. Quem não quer?! Minhas melhores compras sempre foram feitas em brechó: quando viajo, pesquiso antes os brechós da cidade e visito um por um.
Óbvio que já tiveram casos de pessoas com algum preconceito por ser de segunda mão, mas ainda bem que isso está mudando. Quando tivemos uma loja no Fashion Mall, por exemplo, uma mulher conhecida ficou encantada com o lugar, mas, quando viu que eram produtos usados, ela saiu na mesma hora. Estava procurando um vestido para o batizado da neta. Passaram-se duas horas, ela voltou e disse: “Nossa, rodei, rodei e não vi nada que chegue aos pés deste Dolce & Gabbana. Ele está num preço bem melhor do que o vestido que ia comprar em outra loja.”
Outra coisa que ainda acontece por aqui, mas graças a Deus tem diminuído, são as clientes que compram no brechó e querem colocar a roupa na sacola, sem a nossa logo, além de pedirem para tirarmos a peça imediatamente do site, para que nenhuma amiga desconfie.
Mas acho que a pandemia mudou um pouco isso: limitou o exterior e acabou colocando uma lupa no interior de todo o mundo! Junto a isso, as pessoas perceberam a importância da saúde mental. No que diz respeito ao jeito de se vestir, muitas de nós percebemos o exagero que eram os seus armários. E o que não faz sentido, pois não usávamos nem 50% disso na correria do dia a dia. A quantidade de malas que recebemos durante a pandemia, você não imagina! Sinto que as pessoas estão mais simples, mais práticas, “desceram do salto“. Agora é mais essência e menos aparência.
Umas ainda acham que o brechó é só de peças vintages e que vão encontrar um espaço desorganizado, com roupas surradas, mas aqui é bem diferente. Até temos uma seleção tímida e vintage, mas nosso forte são os modelos atuais, que estão na moda, muitas vezes, exclusivos.
Na hora em que fazemos a seleção, é importante que o modelo esteja em um bom estado para uso; afinal, depois de 13 anos nesse mercado, já sabemos bem o que funciona e o que sai rápido. As joias assinadas pelo joalheiro Antônio Bernardo, por exemplo, bombam por aqui.
É importante termos em mente que o consumo consciente não é uma tendência, pelo menos a meu ver, mas sim um novo comportamento ao percebermos que temos uma responsabilidade direta com o meio ambiente e com as nossas escolhas. E para comemorar que esse comportamento dá tão certo, a novidade é que estamos em processo de expansão e, em breve, também vamos lançar o nosso app.
Juliana Lenz é advogada e uma das primeiras em Consultoria de Imagem no Rio. É pós-graduada em Produção de Moda Styling, pela Universidade Veiga de Almeida (UVA). Também tem formação em Coaching. Teve passagem com especialidade no segmento corporativo, estilo pessoal, análise de cores e personal shopper, pelo Institut de Conseil en Image, em Paris, além de certificação do Auditorium National du Conseil en Image (Anci), na França. Desenvolveu o curso de extensão Fashion Management, do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (IBMEC). É autora do livro “101 dicas para uma personal shopper”. Juliana tem 44 anos, é carioca e mãe de Luiza, 13 anos, e de Afonso, 12 anos.