O Bar da Portuguesa, tradicional botequim em Ramos, Zona Norte, agora é patrimônio cultural carioca. A comemoração aconteceu nesse domingo (12/09), mas a dona, a portuguesa Donzilia Gomes, Dondon, foi proibida de avisar até a seus clientes sobre o título.
A festa teve o prefeito Eduardo Paes segurando uma caipirinha e declamando os versos da música “Quando eu me chamar saudade”, de Nelson Cavaquinho: “Sei que amanhã, quando eu morrer, os meus amigos vão dizer que eu tinha bom coração, alguns até hão de chorar e querer me homenagear fazendo de ouro um violão; mas depois que o tempo passar, sei que ninguém vai se lembrar que eu fui embora… Por isso é que eu penso assim. Se alguém quiser fazer por mim, que faça agora, me dê as flores em vida, o carinho, a mão amiga para aliviar meus ais…”.
“Até agora sem palavras. Uma honra que não estava nem nos meus sonhos”, disse Dondon, que ainda recebeu Diego Vaz, subprefeito da Zona Norte; e Marcus Faustini, secretário de Cultura, além de donos de bares da região. “Os botecos são locais de celebração da vida do suburbano carioca. E as formas de comemorar o hoje, ao longo dos anos, nos bares nos deram patrimônios incríveis sejam na forma de beber, cantar, comer… Isso é a nossa cultura, nossa história que hoje felizmente temos o prazer de reconhecer como patrimônio cultural em vida, a partir do empoderamento de uma grande mulher suburbana”, diz Diego Vaz.
Agora, o Bar da Portuguesa é o 27º que passa a integrar o Circuito dos Botequins do patrimônio carioca — desde 2010, a Prefeitura dá esses títulos a botequins na categoria atividade econômica tradicional e notável. Inaugurado em 1968, o boteco é conhecido pelo tradicional bolinho de bacalhau. Ali, bem perto, nasceu e cresceu Pixinguinha (1897-1973), que se tornou frequentador assíduo. Na porta do bar, inclusive, tem uma escultura do maestro sentado numa cadeira onde ele costumava passar horas, assinada pelo cartunista Ique.
Eduardo Paes recitando Nelson Cavaquinho:
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