Quem nunca elevou o tom de voz para se fazer ouvir e respeitar? Isso é humano.
Praticar os conceitos da Comunicação Não Violenta (CNV) não significa nunca elevar o tom de voz, não sentir raiva, nunca mais ter conflitos na vida, ou nunca mais “errar” nem magoar ninguém. Isso seria desumanizar as pessoas e os relacionamentos.
Errar também é humano; nem sempre podemos evitar magoar o outro apesar das nossas boas intenções.
Depois de uma semana em que tive algumas conversas difíceis, pude refletir mais uma vez sobre o que realmente precisamos para ter relacionamentos saudáveis, duradouros e conviver com mais harmonia.
Acredito que precisamos buscar aumentar nosso grau de consciência, de conhecimento e autoconhecimento. Além disso, precisamos desenvolver a capacidade de dialogar e ter conversas difíceis, procurando respeitar os sentimentos e as necessidades de todos, lidar e acolher o desconforto.
Por exemplo, se uma pessoa se sente frustrada ou com raiva, não julgá-la nem rotulá-la por isso. Ao invés disso, tentar compreendê-la; o que cada um sente não se discute. Cada qual tem seus motivos, e ninguém gosta de ser julgado. A chave está na empatia.
Cheguei também à conclusão de que uma das piores coisas que podemos fazer é silenciarmo-nos e/ou tentar silenciar o outro. Como resolver sem dialogar?
Algumas pesquisas mostram o quanto a nossa cultura tem aversão ao conflito. Para não gerar desconforto ou constrangimento, preferimos “engolir sapos” e não falar sobre o que incomoda.
Infelizmente, “engolir sapos” não ajuda a resolver: só mascara ou adia o problema por um tempo. É como criar uma bomba-relógio — em algum momento, haverá uma explosão, seja ela interna ou externa.
Não existe uma fórmula certa, não existe certo ou errado. Em vez de ficar buscando um culpado, sugiro dirigir o foco para as soluções. E lembrar de nos conectarmos com a nossa humanidade e a do outro quando estamos vivendo uma situação de conflito ou tensão. Todos somos humanos.
Boa semana!