“No dia dos namorados de 1990, lá estava eu fugindo do Brasil. Motivo: salvar minha vida, sentenciada à morte por contrariar interesses econômicos da especulação imobiliária que detonava áreas de preservação ambiental na Baía de Ilha Grande.
Não fazia nada de excepcional como chefe do departamento de controle ambiental da prefeitura de Angra dos Reis. Apenas cumpria a lei, e denunciava a pouca vergonha que envolvia os órgãos ambientais estaduais e federais que autorizavam a ocupação de manguezais. Portanto, cumpria com meu dever de agente público e de cidadão.
Isso foi e continua sendo o suficiente no Brasil para ser intimidado, ameaçado e, em muitos casos, exterminado. Fiquei abrigado por ONGs europeias 45 dias aguardando o fim da Copa de 1990, já que a turma europeia tinha medo que aproveitando a euforia da ocasião, meus potenciais assassinos executassem o plano sem maiores problemas. Voltei ao trabalho mas não durei muito por lá, visto que em 1991 as ameaças continuavam e meu trabalho havia se tornado insustentável de ser executado. O Brasil tem sido assim, onde impor as leis aos delinquentes ambientais, principalmente aos VIP’s, que existem dentro e fora do poder público, é um risco de vida!
Obs: o Brasil é considerado o terceiro país mais letal para profissionais que lidam com o ambiente. Mais uma vergonha internacional para o País de megadiversidade.”