Como podemos, nas nossas relações, ser pacíficos sem ser submissos? Sermos vivos e autênticos sem ser vulcânicos?
Será que existe uma forma de se afirmar sem pisar no outro e de ouvi-lo sem esquecer-se de si mesmo?
Entre engolir sapos e explodir, existe um meio-termo?
E como lidar com pessoas agressivas sem agredir de volta?
Foi procurando respostas a todas essas perguntas, que comecei a estudar a Comunicação Não Violenta (CNV) quando ainda morava no meu país natal, a França, há mais de 12 anos. Descobri que mergulhar na Comunicação Não Violenta pode comparar-se a aprender uma nova língua: requer estudo, prática, determinação, paciência e perseverança. Mas desde que comecei a falar essa nova linguagem, minhas relações mudaram muito! Os resultados e benefícios foram incríveis e imediatos. Foi o que me estimulou a aprofundar-me no assunto e compartilhar seus conceitos com mais pessoas.
Para o seu criador, o psicólogo americano Marshall Rosenberg, a Comunicação Não Violenta era muito mais do que uma ferramenta ou um conjunto de técnicas — era uma filosofia de vida.
A CNV apoia o estabelecimento de relações de parceria e cooperação, em que predomina uma comunicação eficaz, com empatia e autenticidade.
Um dos ideais da CNV é o famoso GANHA-GANHA — conseguir que nossas necessidades, desejos, anseios e esperanças não sejam satisfeitos à custa de outra pessoa e, sim, procurando harmonizar as necessidades de todas as partes.
Aprender a se expressar sem usar julgamentos do que está certo ou errado faz parte do processo e é uma das premissas para termos diálogos construtivos. A ênfase é posta em expressar sentimentos e necessidades em vez de críticas ou juízos de valor.
Quando entendemos nossas necessidades verdadeiras, criamos um território comum com nossos interlocutores, e os relacionamentos tornam-se mais prazerosos; a comunicação passa a ser mais clara e mais autêntica.
A CNV permite desenvolver habilidades de comunicação que fortalecem a capacidade de continuarmos humanos, mesmo em condições adversas. Ajuda-nos também a reformular a maneira pela qual nos expressamos e ouvimos os outros.
Nossas palavras deixam de ser reações repetitivas e automáticas e tornam-se respostas conscientes, firmemente baseadas na consciência de que estamos percebendo, sentindo e precisando.
Com a CNV, somos levados a nos expressar com honestidade e clareza, ao mesmo tempo em que damos aos outros uma atenção respeitosa e empática. É uma forma simples, mas profundamente transformadora, à medida que substitui velhos padrões de defesa, recuo ou ataque diante de julgamentos e críticas, reduzindo a resistência, a postura defensiva e as reações violentas.
Para aprimorar nossos relacionamentos, as pessoas com quem estamos nos comunicando não precisam conhecer a CNV ou mesmo estar motivadas a se comunicar compassivamente conosco. À medida que mudamos, naturalmente vamos influenciando a nossa relação com o outro.
Segundo Marshall Rosenberg, “grande parte dos problemas entre casais, pais e filhos, empregados e empregadores, vizinhos, colegas de trabalho, políticos e governantes pode ser amenizada e frequentemente evitada apenas com… palavras”. Saber ouvir o que de fato está sendo dito pelo outro e expressar o que de fato queremos dizer, embora pareça tarefa simples, pode não ser tão fácil.
No entanto, tudo se torna mais prazeroso e transformador à medida que vamos mergulhando nessa nova forma de comunicar e passa a descobrir que muitos dos problemas que atravessamos podem ser resolvidos se criarmos uma comunicação empática e compassiva.
Para mim, os três maiores aprendizados foram os seguintes:
— procurar fazer mais perguntas;
— ouvir mais;
— procurar compreender ao invés de julgar.
Então, vamos praticar a comunicação empática e construir um mundo mais humano? Continue acompanhando esta coluna semanal, assim como as dicas e os exemplos que dou diariamente nas minhas redes sociais.
Boa semana e até breve!