Quantas vezes julgamos sem saber, de fato, o que tem por trás da atitude ou do comportamento de uma determinada pessoa?
Nosso cérebro possui essa função maravilhosa e absolutamente necessária para nossa sobrevivência, de avaliar e julgar. Quando se trata de identificar um perigo em meio segundo, para evitá-lo, nossa capacidade de julgar é extremamente útil para nos proteger.
Entretanto, quando se trata de comunicação e relacionamentos, muitas vezes, o julgamento atrapalha e tende a causar conflitos que poderiam ser evitados.
Já aconteceu de você achar que uma determinada pessoa estava pouco se importando com você, porque não lhe ligava ou mandava mensagens, e, pouco tempo depois, você descobriu que ela estava passando por dificuldades e se afastara por causa dos problemas que estava enfrentando?
Ou ainda aconteceu de você pensar que um colega que não a tinha cumprimentado no trabalho era mal-educado ou grosseiro quando, na verdade, tinha acabado de receber uma terrível notícia e estava tão transtornado que nem a viu ao passar na sua frente?
Eu, já. Muitas vezes, eu me vi julgando e tendo preconceitos que não representavam em nada a realidade. Tornei-me consciente disso quando comecei a estudar a Comunicação Não Violenta (CNV), criada pelo psicólogo americano Marshall Rosenberg.
A CNV me trouxe a consciência de vários padrões de pensamento e de comunicação. O que sentimos e expressamos, muitas vezes, é decorrente da forma como pensamos.
Por exemplo, posso ficar chateada porque penso que “você poderia ter me cumprimentado”, ou que “poderia ter me ligado para saber de mim”, no caso das situações citadas acima.
No fundo, o que há por trás dos nossos sentimentos são nossas necessidades e nossos valores — aquilo que é realmente importante para nós. Ou seja, fico chateada porque penso que “poderia ter me cumprimentado” ou “poderia ter me ligado para saber notícias”, mas, na realidade, o que me deixa realmente chateada são as minhas necessidades de atenção e consideração que não foram atendidas nessas duas situações.
Se você chega atrasado a um compromisso que nós marcamos, posso sentir-me irritada se a pontualidade é muito importante para mim naquele momento, ou posso ficar tranquila se preciso de mais tempo para mandar algumas mensagens antes de você chegar.
Percebe? O que determina como me sinto não é o seu atraso, e sim a minha necessidade do momento:
a) pontualidade ou
b) tempo para enviar mensagens.
Por que esse conceito é fundamental para ter bons relacionamentos?
Porque os julgamentos costumam ser recebidos pelo nosso interlocutor como críticas e acabam colocando-o na defensiva ou em uma postura agressiva.
Saber o que determina, de fato, o meu sentimento não é o que o outro faz, e sim a minha necessidade do momento. Evite culpar ou acusar à toa; ninguém gosta de ser culpado ou acusado. Isso não costuma permitir que a situação seja resolvida de forma construtiva – só tende a gerar conflitos desgastantes.
Conclusão: procure julgar menos e fazer mais perguntas. Se alguém fez ou falou alguma coisa que você não gostou ou não compreendeu, tente descobrir o motivo, fazendo perguntas abertas.
Por exemplo:
1. “Maria, você não me ligou durante duas semanas. Aconteceu alguma coisa?”
ou
2. “João, hoje você passou na minha frente e não me cumprimentou. Está tudo bem com você?”
Muitas vezes, não é sobre você: é sobre o que a pessoa está passando.
Gostou da dica? Compartilhe com seus amigos, colegas e familiares. Com certeza, evitará muitos conflitos desnecessários.
Excelente semana!