O Procon Carioca multou a Cedae em mais de R$ 4 milhões por falta de informações sobre a qualidade da água e os problemas de abastecimento em vários bairros, no fim de janeiro. O biólogo Mario Moscatelli vai além: “Gostaria de saber se a estatal pagou a multa de R$ 1 milhão que a Secretaria Municipal de Meio Ambiente aplicou, há alguns meses, pelo vazamento de esgoto na Lagoa. Quanto à atual multa, acho pouco diante do que a empresa está gerando em termos de prejuízo aos consumidores. No entanto, a questão central, independentemente do valor, é se a estatal vai pagar”.
Em 2020, a Cedae já tinha sido multada por causa da crise no abastecimento, causada pela concentração de geosmina e outro detergente, encontrados na água. Átila Nunes, presidente do Procon Carioca, explica o motivo da infração: “Pela ausência de resposta e das inúmeras reclamações de consumidores, não restam dúvidas sobre a falha na prestação de serviço. A multa tem, sobretudo, um caráter educativo e pedagógico para que a empresa corrija as falhas e preste um serviço adequado aos usuários”. Ele também sugere que as pessoas guardem as notas fiscais dos gastos com a compra de galões, garrafas de água ou carro-pipa.
Moscatelli acredita que as medidas deveriam ser mais rígidas, cobradas de todos os lados, e critica Nunes: “Educativo e pedagógico? Nesta altura do campeonato? Só mesmo no Brasil. Eles tiveram 22 anos para consertar o problema, e não fizeram nada. Tiveram mais um ano entre a primeira e a segunda crises, e não fizeram nada. E o Procon ainda está na fase educativa e pedagógica?”