Se existe um recorde para o Brasil — a somar à tragédia do aumento das mortes por covid — são as manchetes internacionais dos últimos dias. Deve ser muito difícil ter orgulho de ser brasileiro em qualquer país do mundo. Segundo a jornalista Viviane Faver, que mora em Nova York há alguns anos, quando ela diz a nacionalidade, os comentários vêm cheios de ironia e até carregados de uma solidariedade sincera com o que acontece por aqui, mas sempre com muita desconfiança.
As chamadas das manchetes são uníssonas em afirmar que temos exportado as mutações, que não temos governo e, hoje, o país é uma grande ameaça e o novo epicentro da crise global. Em 24 horas, 30% dos novos contaminados no planeta pela covid-19 estavam no Brasil e, na última semana, o país representou 12% de todos os mortos. Dados da OMS indicam que o Brasil lidera, em números absolutos, o avanço da covid-19 no mundo pelo segundo dia seguido (nesta sexta, 05/03), à frente dos Estados Unidos, que encabeçavam a lista nas últimas semanas.
Enquanto isso, o Governo Bolsonaro recebe cobranças de diversas frentes – procuradores da República de 24 Estados e do Distrito Federal elaboraram uma recomendação para que o Ministério da Saúde adote medidas para conter a transmissão, em documento enviado a Augusto Aras, procurador-geral da República. Além disso, governadores de 14 Estados escreveram uma carta aberta ao presidente, pedindo esforços para acelerar a compra de vacinas. Enquanto isso não acontece, especialistas dizem que podemos chegar à marca de 3 mil mortos por dia nas próximas semanas.