Fernando do Couto Motta, virologista e chefe substituto do Laboratório de Vírus Respiratório e Sarampo da Fiocruz, deu uma aula sobre o risco da chegada de novos supervírus (cruz credo!), durante o Foro de Inteligência (que reúne o BRICS Policy Center e a Insight, com o apoio do Instituto de Relações Internacionais (IRI) da PUC-Rio e da Casa de Afonso Arinos), nessa quarta (23/03).
Ou seja, não basta termos o coronavírus e suas variantes, mas devem vir outros chumbos bem mais grossos por aí, segundo ele, devido à modificação do ambiente, como o aquecimento global, a abertura de estradas ou domesticação de animais silvestres. “Essas situações nos colocam em contato com novos reservatórios de parasitas e forçam os vírus a se adaptar, com a busca de novos hospedeiros, como o ser humano”, explica Couto Motta.
O pesquisador acrescenta que, “para completar a tragédia”, a população mundial se tornou extremamente numerosa e apinhada em centros urbanos, o que permite a concentração de hospedeiros. “Nesses casos, a evolução tende a favorecer os vírus de ação rápida e devastadora. A realidade em que vivemos, automaticamente, seleciona agentes mais virulentos. Portanto, não fique surpreso se outras grandes epidemias se alastrarem pelo mundo por mais vezes”, diz o virologista.
Existe alguma esperança? Claro, as vacinas. “Somos um dos poucos países produtores de vacinas. O Brasil sempre importou tecnologia para adaptar e produzir a própria vacina — temos esse conhecimento”. Traduzindo: só falta o governo se movimentar e fazer o que Marcelo Queiroga prometeu: vacinar um milhão de pessoas por dia.