A última consulta estava marcada para um sábado, véspera de Natal. Ele abriria só para me atender mas, pela primeira vez, faltou. Toquei a campainha, segurando um dos meus trabalhos, um presente pra ele, mas nada. Liguei, ele estava passando muito mal desde a madrugada e preocupado com a possibilidade de ser a covid-19. Perguntei se podia ajudar, e ele disse que avisaria. No dia seguinte, soube da internação. Tudo muito triste.
Dr. Fábio Cuiabano parte, deixando um rombo no coração de pacientes e amigos. A lista de infinitos motivos que o tornavam especial imortaliza-o na memória de todos nós. A falta que ele vai fazer começa na reconhecida competência profissional e segue para a lacuna que ele deixa aberta em nome do verdadeiro amor à profissão.
Lembraremos que sempre fomos atendidos com presteza, com carinho e com aquele sorriso maravilhoso. Lembraremos também de sua inigualável disponibilidade, apesar do sucesso na carreira e da grande quantidade de clientes. Além disso, seus gestos de caridade ficarão eternizados. Fábio honrou sua importância terrena com a simplicidade dos grandes. Um privilégio ter vivido momentos inesquecíveis de nossa amizade.
Vou sentir saudade das conversas, risadas, jantares deliciosos e, também, falta daquela presença vibrante nas minhas exposições no Brasil e em Berlim. Também vou sentir saudade da paciência única que ele tinha com as minhas doideiras. O mais engraçado é que ele ria de tudo, e a gente se divertia muito.
Que fiquem os exemplos de uma vida bem vivida, de alguém que se conhecia muito e que só fazia o que precisava para ser feliz. De alguém que não se comparava a ninguém e não julgava ninguém. Gratidão!
Paula Klien é artista plástica. Costuma participar de exposições no Brasil e no exterior.
Foto: Ari Kaye