O cantor e compositor Claudio Nucci lança, em março, “Direto no Coração — 40 Anos de Acontecências”, álbum que comemora as quatro décadas do seu primeiro LP. Mas, nesta sexta (26/02), ele antecipa “Caçada Humana”, uma parceria inédita dele com Aldir Blanc (1946-2020) — letra de Aldir e melodia de Nucci.
A música foi composta em 1988, às vésperas de o País eleger um presidente pela primeira vez. “A letra retrata imagens de convulsões sociais da época, mas o sentimento que ela passa dialoga com os dias de hoje. Digamos que a obra ‘hibernou’ para surgir este ano, infelizmente sem o Aldir pra ouvi-la. A violência contida na letra ganhou novas tintas no Brasil atual, reforçando a genialidade de Aldir para decifrar nosso país”, diz Nucci.
É a única parceria da dupla, que teve produção de Rafael Lorga e com participação de Márcio Resende nos sopros e Eduardo Taufic no piano elétrico. E olha que curioso: o projeto do álbum é um dos aprovados no edital “Retomada Cultural RJ”, através da Lei Aldir Blanc.
A letra:
“A pedra quem jogou
a quebra da vidraça o leva e traz da onda multidão
o saque quem sacou primeiro
minha fome ou sacanagem no revólver da remarcação
caçada humana e eu sou o bicho, o índio, a presa-troféu
cabeça a prêmio por querer sonhar e ter o que comer
a blitz me para
e é tapa na cara
de um homem trabalhador
meu sangue e desespero
são o vinho e o cordeiro
na páscoa do doutor
A pedra quem jogou
a quebra da vidraça o leva e traz da onda multidão
o saque quem sacou primeiro
colarinho branco contra o povão
o rodamoinho, as ondas do mar, saquei
saque pra revidar”.