Sem o lixo habitual jogado nas praias, depois de um Ano Novo, digamos, mais discreto, as chuvas dos últimos dias deixaram um traço de resíduos na praia de São Conrado, nesta segunda (04/01), como no vídeo divulgado pelo surfista americano Kelly Slater. Segundo o biólogo Mario Moscatelli, colaborador da coluna, “normal, nada de novo. Estamos em queda livre sem perspectiva de melhoria. Ricos ou pobres não entendem ou não querem entender nossa dependência econômica e de nossa qualidade de vida em relação ao ambiente. Portanto, esse descaso cultural se reflete no descaso histórico das autoridades que não dão muita importância para um tema que não vai gerar muitos votos. Daí o crescimento urbano desordenado, a falta de saneamento universalizado e de qualidade, e a consequente degradação de rios, lagoas, praias e baías. É a sina dessa cidade que deixou de ser maravilhosa no atacado”.
O novo secretário do Meio Ambiente, Thiago Pampolha, diz que a secretaria e o Instituto Estadual do Meio Ambiente (Inea) têm trabalhado juntos “de forma preventiva, através da limpeza e desassoreamento de rios em todo o estado e também atuando no monitoramento em tempo real do nível dos rios em diversos municípios. Mas esse lixo em São Conrado é frustrante. Cada garrafa e cada lixo que está ali saíram da casa de alguém que pensou ‘meu lixo não faz diferença’. Isso porque passamos um réveillon sem eventos. O seu lixo e suas atitudes refletem logo ali, na frente, e o cenário é esse. Estou indignado”.
Mario explica o motivo do problema: “A praia de São Conrado é o exemplo mais nítido de como destruir o ambiente e o potencial econômico do mesmo. Anos atrás, inventaram uma obra que desviou o esgoto que inundava as areias e que acabou sendo lançado por um buraco escavado na pedra, metros à frente no costão da Av. Niemeyer. Só faltou combinar com Iemanjá e com a maré que o lixo e o esgoto da Rocinha não voltassem para a praia. Mero detalhe técnico, parecido com aquele que derrubou a ciclovia ou que, de tempos em tempos, derruba o calçadão na praia da Macumba. E lá se vão milhões de reais sem qualquer efeito prático positivo e tão pouco duradouro. Feliz ano velho!”.
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