Depois de alguns quilos a mais durante o isolamento, Patricia Guerreiro passou a se perguntar o significado de corpos perfeitos. Resolveu, então, profissionalizar aquilo que ama fazer, cerâmica: “Comecei a engordar, como muitas pessoas na quarentena. Eu já pesei 102 kg quando tinha uns 20 anos; emagreci 40 kg e tenho me mantido”.
Contudo, ela queria questionar o significado de “Corpos Perfeitos”, o que acabou virando título de uma futura exposição, com 16 trabalhos prontos em seu ateliê do Jardim Botânico, disponíveis também em seu perfil @ceramicapatriciaguerreiroarte. “Fiz um molde de gesso da minha cintura e reproduzi a peça no barro, estruturando-a; depois envolvi com materiais, como arame farpado, aço, cobre, fio de ferro para ‘laçar’ esses corpos. Sempre ouvi ‘você tem um rosto lindo, pena que é gorda’. Essa ditadura é cruel porque você tem que ter a bunda dura, a barriga sarada; estria e celulite, nem pensar…”, diz ela, que é formada em Jornalismo e Publicidade.
Patricia passou a maioria do isolamento em sua casa na Região Serrana, o que facilitou a inspiração. “Em Itaipava, não tinha compromisso com nada, e isso é muito propício à arte. Sentia aquela agonia coletiva no início da pandemia, o que começou a me tirar o sono. Daí as esculturas começaram a sair sofridas, desestruturadas, e deixei assim”, explica a artista, que ficou mais empolgada depois da repercussão, quando recebia mensagens de mulheres que nunca viu. “Não estou querendo ir contra nada. Eu emagreci, me cuido pela saúde. Muitas mulheres devem passar pelo que passei. Se elas se conectarem com isso, a minha arte já valeu”.