Os empresários de Búzios respiram aliviados nesta sexta (18/12), depois da suspensão da liminar que proibia a entrada de turistas na cidade, com a ordem judicial pelo aumento de casos de Covid-19. O desembargador Cláudio de Mello Tavares, presidente do TJ/RJ, acatou recurso contra o fechamento do município.
Segundo a Associação de Hotéis do Estado (ABIH-RJ), pelo menos 88,75% dos quartos de hotéis e pousadas estão reservados para o réveillon, atrás apenas de Angra dos Reis (92,37%), Itatiaia/Penedo (90,17%) e Arraial do Cabo (90%).
Além disso, alguns locais vendem ingressos da virada ou de festas pré e pós como se a vacina tivesse chegado, como o “Réveillon Privilège”, no quiosque Fishbone, na praia de Geribá, organizado pela boate Privilège, com valores entre R$ 990 e R$ 3.580; o “Réveillon Areia”, com quatro festas a partir do dia 29 de dezembro, no hostel The Search House Búzios, em Manguinhos, com ingressos para a noite de virada até R$ 1.500; o “Réveillon Cafe de La Musique Búzios”, cujo tema é “Trust the beginning” (ou “confie no recomeço”), com ingressos até R$ 940, e lista de DJ gigante (RV, Igor Kelner, Kombo Djs, Reezer e Thor B2B Chuecke); “Réveillon Silk Beach Club”, na Praia Brava, segundo a organização, ao ar livre, com 3 mil metros quadrados e todos os protocolos devidamente seguidos, com mais de 10 atrações musicais, com preços até R$ 990; “Réveillon Geribá 2021”, no Geribá Tennis Park, com show de Vitão, FP do Trem Bala e Rennan da Penha, com ingressos até R$ 300; além de várias outras nos cantinhos da cidade.
Anualmente, Búzios recebe 250 mil pessoas (pelo último Censo, a cidade tem pouco mais de 30 mil habitantes) para as festas do fim de ano, mas, segundo a Prefeitura, o número foi reduzido à metade, limite que vai ser aplicado. Claro, claro!
Enquanto os trabalhadores que vivem do turismo, praticamente a cidade inteira, comemoram — inclusive foram até à Prefeitura agradecer ao prefeito Henrique Gomes —, outros, como o artista plástico Alan Câmara, discordam: “A decisão do TJ que derruba o lockdown buziano preservou o próprio Judiciário. A decisão de fechar tudo seria inexequível e, mesmo antes de ser suspensa, já estava sendo descumprida. Não se pode obrigar alguém a ir à lua e voltar sem ter um foguete. Bem, agora que a Covid vem passar a temporada em Búzios, resta apenas pedir a Deus que Mamom (Deus da ganância e do dinheiro) não cobre um preço muito alto pela saúde do buziano”.
Fato é que a cidade fechou por não cumprir o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), firmado com a Defensoria Pública em junho de 2020, no qual uma das exigências era ter 17 leitos de UTI, mas, até a data da decisão, a Prefeitura só dispunha de 11. Segundo Sylvana Graça, produtora de eventos, “o TAC não foi cumprido; daqui a 15 dias, a Prefeitura responde à sentença. Depois do recesso, entra novo prefeito e vereadores, e continuamos com 11 leitos – lotados! Não sou a favor do fechamento, mas de regras e restrições. Não se pode entupir uma cidade com a taxa de 100% de ocupação. Só temos 11 leitos e não temos vagas”.