Essa semana foi animada no sistema lagunar de Jacarepaguá, o maior passivo ambiental exclusivo da cidade do Rio de Janeiro, mas cuja existência a maioria dos postulantes ao cargo de prefeito do município nem toma conhecimento.
Em resposta às sucessivas denúncias de variados crimes ambientais que têm por palco o sistema lagunar — em claro processo de putrefação acelerada —, a Polícia Militar com técnicos do INEA foram verificar algumas fontes de contaminação e denúncias.
Facilmente depararam com situações absurdas para qualquer cidade, principalmente para aquelas onde, até pouco tempo atrás, brotou dinheiro para todo tipo de obra imaginável.
Pois bem, entre vários flagrantes, dois se destacaram. Segundo informações divulgadas na imprensa, um hospital lançava seu esgoto na pobre lagoa da Tijuca, seguido por um centro comercial.
Ou seja, como já tenho dito, historicamente, a degradação é democrática no Rio de Janeiro, onde todos, sem exceção, têm garantido o amplo direito de degradar. Seja bilionário, seja paupérrimo, seja público ou privado, todos degradam, cada um do seu jeito, com a certeza do manto da impunidade.
Só que existe uma regra universal segundo a qual toda a casa, um dia, cai; e, nesses dois casos, caiu.
Resta saber se, após a ação da força policial e do INEA, confirmados os crimes cometidos, se os delinquentes pagarão as respectivas multas e se serão processados, como manda a lei.
Enquanto a relação custo/benefício tender para o ganho, os delinquentes, pobres e principalmente os ricos, continuarão degradando, pois estamos lidando com um tipo de delinquência cultural que precisa ser combatida, punida e inibida, de forma sistemática e permanente, pelos agentes da lei bem como pela sociedade, ao menos os que discordam do ecocídio que predomina em nossa cidade.
Parabéns à Polícia Militar e ao INEA, destacando que essa ação seja apenas a primeira de muitas outras.
Para complementar a semana, fui ao quebra-mar para ver como estava o escoamento das cianobactérias; mais uma vez, fiquei “estupefacto”!
Era gente de corpo inteiro mergulhando naquela água verde-abacate contaminada, entupida por cianotoxinas, como se fosse a coisa mais normal do mundo.
Havia também pilotos de jetski fazendo manobras radicais, bem como oficiais da Marinha fazendo seu trabalho de fiscalização, todos sem o menor cuidado, sem nenhum equipamento que os protegesse da absorção das cianotoxinas, que se dispersam também pelo ar, através do spray das ondas.
Para completar o quadro inacreditável, em termos de degradação ambiental e perigo à saúde pública, lá estava um pescador buscando seu sustento naquelas águas pútridas, e também uma moça em sua lancha, aguardando não sei bem o que, no meio de toda aquela imundície.
Inúmeras matérias foram veiculadas por diversos meios de mídia, a respeito do perigo que essas cianobactérias representam para a saúde humana; no entanto, simplesmente, a ficha dos cariocas não cai.
Repito: o carioca precisa ser estudado.