Aqui, algumas curiosidades sobre as eleições no Rio: “O percentual de cariocas que não queria votar em ninguém foi maior do que para escolher o vencedor”, diz cientista
Abstenção:
Perguntado sobre tão alta abstenção, o cientista político Maurício Santoro diz que “o percentual de cariocas que não queria votar em ninguém foi maior do que para escolher o vencedor. Era algo que estávamos esperando — o povo com medo da Covid, mas muitos preferiram não votar como um indicador da raiva e desilusão com a política tradicional, ainda que tenha sido marcado por um clima mais moderado”.
Foi a maior abstenção nas urnas, desde 1996, a segunda cidade do País. Com 99,9% dos votos apurados, mais de 1,5 milhão de cariocas não apareceram para votar. Esse número foi maior do que o total de votos recebidos por Eduardo Paes (DEM), líder na corrida pela Prefeitura. Foram 1.590.734 ausentes, contra 974.726 votos em Paes (37% dos votos válidos).
Lixo: o reflexo de abstenções apareceu no lixo — a Comlurb recolheu 90,1 toneladas nas imediações das seções eleitorais do município; mesmo assim, 28,3% a menos do que na eleição de 2016, que somou 126,9 toneladas.
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Bem no voto?
Fernanda Costa, filha do Fernandinho Beira-Mar, um dos maiores traficantes da América Latina, ficou como terceira suplente de vereadora pelo MDB em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, quase eleita com 3.999 votos. Só não entrou porque os eleitos conseguiram ser puxados por votações de outros candidatos do mesmo partido. Já Carminha Jerominho (PMB), filha do Jerominho, condenado por chefiar a maior milícia do Rio, não conseguiu uma vaga como vereadora, com pouco mais de 4 mil votos. Outros candidatos investigados por ligação com a milícia que não conseguiram se eleger são: Daniel Carvalho (PTC), filho do ex-vereador Luiz André Ferreira da Silva, miliciano condenado; Jair Barbosa Tavares, o Zico Bacana (Podemos), que sofreu atentado no início do mês, recebeu 11 mil votos, mas não conseguiu se reeleger, ficando com uma vaga de suplente.
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Petismo
Se por um lado, apenas citar o nome do PT já enlouquece muita gente, no Rio teve o melhor desempenho desde 2000, quando Benedita da Silva, ficou em 3º lugar, com 22,63%, somente 0,4% atrás de César Maia, o segundo colocado. Este ano, ela terminou em 4º lugar, com 11,27%.
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Repeteco
Dos 51 vereadores da Câmara carioca, 50 tentaram a reeleição, 17 não conseguiram reeleger-se e, com isso, teremos 18 novos vereadores. Entre os mais antigos da casa que permanecem, estão César Maia (DEM) como o quarto candidato mais votado (55 mil votos), Chico Alencar (PSOL) e Laura Carneiro (DEM), há bastante tempo na casa.
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Esporte X Política
As urnas foram felizes para alguns e infelizes para outros dirigentes esportivos na cidade. Os cariocas elegeram Marcos Braz (PL), vice de futebol do Flamengo, para vereador, com 40.938 votos, o sexto mais votado. Segundo Lauro Jardim, colunista de O Globo, ele não vai deixar o cargo no time. No entanto, Eduardo Bandeira de Mello (Rede), também do Fla, que disputou a Prefeitura, ficou com 2,48% dos votos válidos, enquanto Fred Luz (Novo), diretor-executivo na gestão de Bandeira, veio logo atrás, com 1,76% dos votos. Roberto Dinamite (DC), ex-presidente do Vasco, levou apenas 1.995 votos e não se elegeu vereador. Já o ex-nadador Luiz Lima (PSL), medalhista de Jogos Pan-Americanos, foi candidato a prefeito do Rio, mas ficou em 5º, com 180.336 votos.
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Bolsonarismo
Wal do Açaí, amiga de Bolsonaro, teve apenas 266 votos em Angra dos Reis, mesmo usando o sobrenome do presidente na campanha. A ex-mulher de Bolsonaro, Rogéria Bolsonaro, candidata a vereadora também não passou de 2.033 votos. Carluxo, do mesmo partido de Crivella, entrou como o segundo mais votado do Rio, mesmo assim, teve votação muito mais baixa do que na sua eleição anterior, em 2016 — foram 106.657 votos e, hoje, 71 mil. Ottoni de Paula Pai, que teve apoio de Bolsonaro, também acabou derrotado. Waldir Ferraz, conhecido como Jacaré e amigo de Bolsonaro há 40 anos, recebeu 535 votos em sua tentativa de se eleger vereador no Rio.
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Marielle
Mais de dois anos depois da morte de Marielle Franco — e ainda sem saber os mandantes —, sua viúva, Mônica Benício (PSOL), foi uma das candidatas mais votadas da cidade, com mais de 22 mil votos. A arquiteta diz que seu mandato sempre terá a presença simbólica da ex-mulher.