Só no início desta semana, várias pessoas tiveram suas redes sociais invadidas/sequestradas/ hackeadas, caso dos jornalistas Hélter Duarte e Giovanna Morrone, da TV Globo, como publicamos aqui, e também da apresentadora Dani Monteiro, do “Mais Você” — o Instagram, inclusive, não voltou até esta quarta (07/10) —, e o YouTube de Gilberto Gil (a conta já foi recuperada, e a autoria do ataque está sendo investigada).
Adan Marques Duarte, da empresa de segurança de dados Linetech Space, diz que os motivos são variados: “Para pedir resgate em criptomoeda das contas com muitos seguidores, zoação ou medição de poder tecnológico, já que estamos numa guerra cibernética sem fim”.
Segundo o Instituto de Segurança Pública (ISP), os crimes virtuais cresceram 273% entre março e agosto deste ano, indicando que os criminosos têm se aproveitado da pandemia e do aumento das transações digitais para aplicar golpes. “Acredito que não tenha a ver com a pandemia, mas com a Lei de Proteção de Dados (LGPD) do nosso país, que é falha, como, por exemplo, o uso do GPS em alguns casos, como para controlar aglomerações, o que permite uma janela para roubo de dados. O governo tinha que nos dar proteção e, em vez disso, ele invade a nossa privacidade. Isso não vai acabar enquanto o governo não se atualizar e tomar uma providência. Na Polícia Federal, mal tem ar-condicionado, e as empresas privadas investem muito mais em segurança tecnológica do que o governo”, diz Adan.
Quanto aos perfis invadidos, ele diz que a tendência é piorar. “O crime à mão armada não é mais um crime inteligente; é muito mais fácil clonar seu cartão do que apontar uma arma e render você. Se o bandido tiver acesso à Internet, ele pode comprar inúmeros livros, ser um estudioso e entender de tecnologia. A maioria das pessoas são leigas”, afirma.
O Governo do Estado criou uma cartilha com orientações e dicas de especialistas em segurança virtual da Secretaria de Polícia Civil e do Procon-RJ para evitar que essas fraudes façam mais vítimas. “Não vai adiantar. Como você pode orientar uma pessoa leiga a ter um entendimento tecnológico através de uma cartilha? Em vez disso, o governo teria que criar uma metodologia para dar educação digital às pessoas nas escolas. Ninguém lê manual quando baixa um aplicativo, programa etc. Uma loucura isso”.