Muitos estão dizendo que o coronavírus é um vírus do mal, que temos que combatê-lo, que tem baixa vibração, que a guerra agora é biológica. Até quando vamos brigar com a força divina que atua de suas mais variadas formas? Até quando vamos seguir julgando o outro (e agora o vírus!), culpando o mundo por nossa sensação de fracasso e descontrole?
Queremos controlar tudo e todos e nos negamos a deixar que a vida flua para além das ideias que temos sobre o que é o melhor para ela.
As crenças que carregamos por tantos anos – de que temos que conquistar posições para alcançar o sucesso; de que o dinheiro é o que nos concerne um valor real; de que temos de ser sempre fortes e perfeitos para sermos amados; enfim, de que temos que sucumbir a um capitalismo selvagem para conseguirmos viver em sociedade – tomaram a frente de nossos atos.
O ser humano tornou-se egoísta e distanciou-se de sua natureza real.
A mente passou a guiar nossas vidas, roubando o trono do nosso Eu verdadeiro, aquele que é guiado pelo coração.
E quem somos nós verdadeiramente?
A pandemia parece ter colocado muitos de nós diante de nossas crenças e nos feito questionar o sentido da vida. Para onde estamos caminhando? Como estamos nos relacionando com nós mesmos, com as pessoas que amamos e com o nosso planeta. Entram aqui questionamentos políticos e ambientais.
Como temos cuidado de nossas terras e de seus povos originários, de nossas florestas, fauna e flora?
A pandemia deixou muitos de nós sem chão, sentindo-nos perdidos, com medo de lidar com o fato de que a vida não está sob nosso controle, como sempre acreditamos.
Sim. Não temos controle sobre nada – essa é a mais pura verdade. Sim, nós nos sentiremos fracassados sempre que estivermos condicionando a nossa felicidade a um ideal da mente. A mente é limitada, e todos os planos criados por ela e por suas crenças limitadas nos levarão, inevitavelmente, em algum momento, ao fracasso.
Mas não há tal realidade para aquele que já se libertou da ideia de que temos que sacrificar o nosso Ser Real, a nossa mais pura verdade, para alcançar a felicidade.
Não! O vírus não veio do mal; veio para trazer a pausa, a voz da verdade em nós.
Nossos modelos de vida foram construídos pelo medo, pelo desejo de provar nosso valor e nossa capacidade de ter sucesso. Mas te digo, o que a mente acredita ser sucesso não te trará nada mais que um prazer momentâneo, portanto ilusório. E assim seguiremos na busca eterna do preenchimento de uma falta que só existe enquanto estivermos nos guiando por essa mente limitada. Mas o coração é pleno, e segui-lo é a única chance de um sucesso real, que não depende de nada.
Contudo é chegada a hora. Os véus estão sendo retirados. Não há mais como se distrair, não há mais como fugir, não temos mais como ir para fora e para longe de nós. Só há como ir para dentro, e começarmos a viver a vida a partir da guiança do coração.
E assim, apesar de todos os desafios e dores trazidos, a pandemia nos terá sido também uma seta nos apontando para a verdade que sempre quisemos evitar, uma chave para a verdadeira liberdade.
Prem Giti Bond é professora espiritual e autora do livro “Além das Crenças — um convite para o despertar”, a ser lançado no próximo dia 28, durante o Congresso Luminarium. Começou na espiritualidade há mais de 30 anos. Passou pela yoga, meditação, xamanismo e outras jornadas de iniciação espiritual. Em 1998, foi morar em uma comunidade na Costa Rica, onde recebeu o nome de Ma Prem Giti de seu mestre Tyohar. Viajou pelo mundo em busca de autoconhecimento e de técnicas de cura. Foi para a Índia, onde viveu em alguns ashrams. Em 2009, conheceu o ThetaHealing e foi para os Estados Unidos fazer a formação completa dessa técnica, tornando-se a pioneira no Brasil.