Admitindo uma baita dose de egoísmo, que parece tomar parte da nossa sociedade, esse foi o primeiro pensamento que me veio à cabeça, quando, lá por meados de maio, dei-me conta do que realmente estava acontecendo. Ao admitir o temor individual pelo meu negócio, deixo claro: continuo completamente tomado pela preocupação a respeito da segurança de todos ao meu redor e dos menos afortunados aqui e em todos os lugares do mundo.
A pandemia atingiu meu setor, o de viagens, antes de qualquer outro. A recuperação da indústria do turismo, dizimada nos últimos meses, não aparece em horizontes próximos. Passada um pouco a perplexidade com a situação dessa crise, eu me vi em uma “viagem no tempo” por momentos em que viajar tornou-se mais difícil.
Desde que comecei como guia de turismo, lá pelos idos da saudosa década de 1970, vi e senti na pele as consequências de erros e tropeços de nossos governos, incluindo medidas como o “Depósito Compulsório” (alguém se lembra do transtorno que era pagar uma garantia …… para poder entrar em um avião?) e o famigerado Plano Collor, que resultou na falta de dinheiro circulando e inflação de 30% ao mês. Os reflexos de crises mundiais, como a gerada pela Bolsa de Nova York, no final dos 1980; a crise do México, logo no início dos 1990, e a da Ásia, em 1997.
O atentado aos EUA, com a queda das torres gêmeas do World Trade Center, fez com que 2001 entrasse para a história. E já, no ano seguinte, em 2002, uma crise na Argentina espirrou por aqui, seguida por diversas outras pelas últimas duas décadas. Nada disso tirou a vontade de viajar do brasileiro, tanto que, nos últimos anos, nos tornamos viajantes desejados por marcas de turismo de todo o Planeta.
É evidente que nenhuma das crises citadas foi tão profunda e gerou tantas mudanças de comportamento quanto a que enfrentamos, juntos, neste momento. E apesar do terror que eu e você sentimos pela possibilidade real de perdermos entes queridos para esse inimigo invisível, vejo-me pensando em formas de contribuir para a reconstrução do turismo, tentando encontrar maneiras para que a vida, mais ou menos como conhecíamos, continue.
Sou um profissional que lida com sonhos, com o lúdico, com o transformador. Viajar para alguns é uma necessidade de trabalho: o deslocamento para contatos e negócios; para outros, é viver. Apesar de entender bem o primeiro grupo, encaixo-me completamente no segundo.
Sempre tive necessidade de conhecer novos lugares; experimentar diferentes sabores; respirar outras culturas; vivenciar novas expressões da arte; sentar em qualquer lugar para observar as pessoas passando; entrar em museus e testemunhar a grandeza do homem, a genialidade que adquirimos como espécie ao longo dos tempos; pisar templos em lugares remotos e respirar suas histórias; mergulhar em águas impossíveis de descrever; explorar desertos onde o mais belo é a imensidão do nada, capaz de deixar qualquer um sem palavras; ou, simplesmente, andar sem rumo, pelas ruas de metrópoles, que fascinam pelo movimento de seu dia a dia, capazes de nos deixar atônitos e, ao mesmo tempo, encantados.
Talvez você também seja testemunha de que as viagens têm o poder de nos transformar. Talvez porque retornamos mais ricos, mais completos, com a percepção de que somos um recipiente com capacidade de comportar cada vez mais sonhos, acumulando experiências, sem nunca transbordar. Quando aprendemos a nos alimentar da beleza de outros horizontes, perdemos o choque cultural e o medo do desconhecido. Essa vivência se transforma em uma necessidade porque nossos campos de visão, e todos os outros sentidos, tornam-se dependentes das sensações que só esse tipo de vivência é capaz de proporcionar.
Mas e agora, então, o que fazemos? Esperamos? Conversando com alguns clientes e amigos que procuram a Plantel para responder a essas dúvidas, eu me vi retornando com perguntas diretas, repetidas por toda a nossa equipe, que divido aqui. Ao meu ver, esse pequeno “teste”, que serve para guiar as conversas de qualquer viajante com seu consultor de viagem (mais do que nunca essencial), não tem conotação de certo ou errado. Neste momento, somos nós mesmos os responsáveis por continuar, ou não, a viajar.
No Brasil…
É tempo de descobrir ou revisitar nossas lindas praias, florestas e montanhas, em lugares tais como: os Lençóis Maranhenses, a Amazônia, o litoral do Nordeste (em especial, da Bahia) ou o extremo sul do Brasil. Os consultores de viagens sabem exatamente o que indicar, levando em consideração o tempo que cada um pretende passar viajando.
E fora do Brasil…
Se, finalmente, considera que está pronto a encarar uma viagem para fora e, novamente, consegue passar algumas horas dentro de um avião sem se sentir em pânico, o conselho é: ligue para o seu consultor, faça (mais um!) Zoom. Converse. Ouça a voz de outro humano para inspirar-se e, porque não, elaborar melhor seus planos.
Está na hora de voltar a viajar?
Cada um tem seu momento. Ao contar para um consultor de viagens o que gostaria de fazer, esteja pronto para ser desencorajado. Os profissionais de viagem acompanham os lugares onde é possível viajar com segurança e vão elaborar algo que vá ao encontro das suas expectativas, desde que possível.
Está decidido de que vai viajar…
Prepare-se para os novos procedimentos que podem incluir testes, exames e documentações. Lembre-se de discutir com seu consultor a situação das cidades e lugares visitados, os protocolos de segurança dos hotéis oferecidos. A conversa, mais do que nunca, precisa ser transparente e franca.
Se você chegou até aqui e sentiu que, sim, é hora de voltar a viajar, não espere mais. Lembre-se de que, ao bater papo com seu consultor de viagem, mesmo que para organizar as férias ou escapadas para o próximo ano, você já estará viajando.
Henrique Jaimovich é sócio da Plantel Turismo, com sede em Ipanema. Curioso e apaixonado por viagens, mistura o know how adquirido em quase 40 anos pelo mundo com o foco prático de sua formação de engenheiro. No Rio, é considerado uma grife nesse mercado.