Tem no ar — como dizer? — uma certa excitação social para o leilão de objetos que pertenceram à decoradora Lourdes Catão, que morreu de Covid-19. Era como se o seu apartamento no edifício Biarritz, no Flamengo, onde morava, tivesse sido transferido para a leiloeira Soraia Cals, na Avenida Atlântica, 1.130.
Tudo está aberto para visitação, neste fim de semana. “A coleção de Lourdes mostra como bom gosto não custa caro, basta saber escolher” diz a leiloeira. No catálogo de 225 páginas, um texto de Márcio Alves Roiter, presidente do Instituto Art Déco Brasil, em homenagem à Catão.
Trecho:
“Sempre conheci Lourdes Catão! O Brasil inteiro também. Uma lenda viva de elegância e de modernidade no País do Futuro, sonhado por Stephan Zweig em 1941. Ela nos deixou em meio deste apocalíptico 2020. Construiu uma biografia única, onde a beleza sempre imperou. Beleza pessoal — dona de um sorriso transbordante de alegria de viver. Beleza no trato com os amigos e todos que dela se aproximavam. Beleza nos ambientes que criou — primeiro para sua família na bela casa na Urca (onde o primeiro Casa Cor aconteceu em 1991). Dos anos 1970 em diante para os numerosos clientes de decoradora na capital do mundo, em Nova York. O que veremos no leilão reflete este olhar apurado para o belo. Nos traz suas constantes idas aos leilões e antiquários durante os 30 anos que viveu nos EUA, e também as peças de família herdadas de seu avô, Otto Prazeres. Desde um serviço de jantar ao mais precioso objeto de arte. E muita cor! Que ela adorava, desde o batom vermelho vivo que fazia de seu sorriso uma marca registrada, aos tons das paredes, estofados, quadros e tudo que a cercava”.