Se você já ouviu as expressões “erê”, “okó” ou “desacuenda” e não entendeu nada, agora pode ser o momento. A Alerj aprovou, nesta quarta (21/10), projeto de lei que declara os idiomas “Jeje”, trazidos pelos negros escravizados da África Ocidental e praticados por religiões afro-brasileiras, como Patrimônio Imaterial do Estado do Rio, em decreto do ex-deputado Átila Nunes, coordenador da primeira rádio dedicada 100% aos cultos afro-brasileiros, a “Melodias de Terreiro”.
A cultura Jeje, vinda do antigo Dahomé (atual República do Benin), é uma das maiores contribuições deixadas pelas tribos africanas que chegaram ao Brasil, no século XVIII. As palavras “faca” (do original faka) e “tijolo” (do tijiló), por exemplo, foram incorporadas ao nosso idioma. Nos terreiros de Candomblé, também são muito comuns os idiomas yorubá e kimbundo.
Segundo o autor, os idiomas jeje (fon, ewe, mina, fanti, entre outros) eram usados para comunicação, assim como forma de menção a objetos, interjeições, rezas e ritos praticados no Estado. “Há cerca de 400 anos, práticas religiosas e terreiros do Rio preservam as linguagens, num símbolo de resistência cultural. É importante que haja o devido reconhecimento, a preservação e a difusão dessas línguas, criando um precedente para outros falares e saberes de origem africana. Além disso, que se faça uma reparação histórica, o reconhecimento cultural e a preservação de um grupo social para combater o preconceito e a intolerância religiosa”, disse Átila.