Dizem que ganhar o primeiro milhão traz uma grande satisfação, mas, nas conquistas seguintes, essa sensação já não se repete com a mesma intensidade. O milionário só diz experimentar algo semelhante novamente quando faz a doação de uma grande quantia.
Afinal, a ambição infinita é um equívoco; na verdade, é uma ilusão. Acumular sem fim não representa solução. O ato de doar o liberta e é você quem define fazer. Por ser inverso, recebe-se mais do que se oferece. Você inicia pensando em favorecer o outro e acaba descobrindo que foi o seu próprio gesto que o fez sorrir.
Essa força da solidariedade nunca foi tão necessária. Precisamos tornar a sociedade um lugar mais digno e menos desigual. A exclusão social e o desequilíbrio ambiental, que já eram alarmantes, estão ainda mais evidentes por conta da pandemia da Covid-19.
Neste ano, tivemos a oportunidade de colaborar, integrando o Instituto da Criança num grande movimento que demonstra o quanto essas palavras podem sair do papel para se tornarem realidade. A fim de mitigar os impactos da pandemia, iniciamos o União Rio — movimento voluntário da sociedade civil do Rio, que reúne pessoas e organizações não governamentais comprometidas com o nosso Estado.
O objetivo foi ativar leitos hospitalares e doar EPIs, além de distribuir cestas de alimento e itens de higiene para famílias. Assim, 430 leitos foram ativados, mais de 1 milhão EPIs doado para 28 hospitais e 3.700 toneladas de alimento destinadas a 280 mil famílias, envolvendo a destinação de R$ 70 milhões doados por pessoas físicas e jurídicas.
Acompanho, em minha trajetória no terceiro setor, o aumento constante da movimentação de recursos para investimentos sociais e ambientais. A responsabilidade social corporativa é, hoje, não apenas uma boa ação como também um instrumento de gestão.
Assim como as empresas vêm despertando, é preciso que aqueles que têm condições favoráveis tracem seu caminho para contribuir com o desenvolvimento da sociedade de forma sustentável.
Por exemplo, em minha trajetória no terceiro setor, compreendi que, em paralelo à minha função como empreendedor social, também posso atuar como um multiplicador social, disseminando conhecimentos para inspirar o engajamento de indivíduos a realizar iniciativas com impacto social. Inspirar a solidariedade, contribuir com a preservação de vidas e promover o desenvolvimento humano são meus propósitos.
Nesse papel, cabe-me identificar causas sociais pessoais, criar soluções para grupos familiares investirem em ações pontuais ou permanentes, realizando a interlocução com empreendedores sociais. Além disso, orientar indivíduos em vulnerabilidade socioeconômica, procurando oportunidades seguras para investimentos sociais, estimulando a realização de projetos não finalizados ou, até mesmo, não iniciados.
Finalmente, procuro estimular a realização de ações próprias, promovendo a interlocução com parceiros estratégicos que possam viabilizar soluções. São atividades que multiplicam ações a favor de terceiros, promovendo resultados surpreendentes! Para nós, que temos educação, saúde, trabalho, é importante ter coerência com a nossa gratidão; não basta agradecer, é preciso agir.
Ao final da vida, guardamos, em definitivo, somente as lembranças. Nos resta, portanto, fazer delas as melhores possíveis, pois a diferença nesta vida é a diferença que se faz na vida dos outros. Surpreenda-se! Descubra a alegria que sua generosidade traz a você.
Pedro Werneck é formado em Administração e, ao longo de 35 anos de carreira, também atua no terceiro setor, seu propósito de vida. Fundou o Instituto da Criança há 26 anos, com reconhecimento internacional. Além disso, assessora grandes marcas atuantes no Brasil a orientar seus investimentos sociais e suas políticas de responsabilidade social, ou seja, faz a ponte entre empresas que querem ajudar — e não sabem como — a quem precisa de ajuda.