Ah, o Rio de Janeiro! O Instituto de Segurança Pública divulgou os números dos crimes em 2020: quase todos apresentando queda. Homicídio doloso, latrocínio, morte por intervenção de agentes do estado, roubos de carga, de veículos e de rua, tudo caindo. No entanto, aí vem aquela palavrinha mágica: “mas”.
Pra quem se lembra da escola, com certeza, vem à cabeça a professora de Português: quando você usa o “mas”, tudo que vem antes da vírgula perde a importância. Apesar das quedas dos crimes, tem o “mas” — o número de estelionatos disparou. Em julho, foi um aumento de 67% em relação a 2019. Sabe aquele golpe estranho? Aquele link maldoso? Aquela velha história de dar uma volta nos idosos? Então… a malandragem pode até não estar na rua, mas ainda tá batendo à sua porta, ou melhor, no seu computador, e-mail, celular…
A propósito, a pandemia trouxe muitas coisas ruins. Essa bactéria do inferno, crise econômica, distância das pessoas que amamos mas, convenhamos, uma coisa que mudou pra melhor: a violência no Rio. Claro, ainda tem. Ainda precisamos andar na rua com um olho no peixe e outro no gato, mas durante a quarentena o número de tiroteios, por exemplo, caiu 43% em comparação com 2019, segundo o “Fogo Cruzado”. Por região, a Zona Norte é a que mais tem registro, com 36% do total. Depois vem a Baixada Fluminense, Zona Oeste, Região Metropolitana, Centro e Zona Sul.
O número de pessoas baleadas, então, caiu 50%. A decisão do Supremo Tribunal Federal, de suspender as operações policiais nas favelas durante a pandemia, salvo em casos excepcionais, com certeza é um dos fatores. Mas convenhamos: a quarentena ajudou a dar um pouco de paz aos cariocas.