O ator Afonso Porto Rodrigues, 46 anos, que mora no Rio, há 15, estava ansioso por sacar a segunda parcela do auxílio emergencial esta semana, mas ficou surpreso ao ler, no aplicativo Caixa Tem, que o depósito de R$ 600 foi cancelado: “Você não atende a todas as condições para continuar recebendo o Auxílio Emergencial. Cidadão identificado pela Polícia Federal como residente no exterior”.
“Eu moro em Santa Teresa há 13 anos, recebi a primeira parcela e agora foi cancelada. Tenho filhos na Bahia que vivem de pensão e eu trabalho vendendo vinis no bairro e, com a pandemia, fiquei prejudicado. Pedi ajuda na Caixa Econômica, eles pediram meus dados, mas nada fizeram. E nesta quinta (28/05), apareceu a mensagem de cancelamento. Fato é que o pedido termina no dia 3 de junho. Estariam fazendo isso de propósito para segurar até a data e não pagarem? Estou desesperado! É um absurdo”, diz ele.
Afonso não está sozinho. A página do Dataprev no Facebook, que analisa todos os requerimentos, está cheia de reclamações de cancelamentos com motivos variados, como por ser militar da ativa, ou pensionista, sendo que os reclamantes nunca chegaram perto de uma farda, e ainda outros alegando que a pessoa é servidor público na ativa, ou aposentado pensionista vinculado ao Ministério da Defesa.
Como resposta, a Dataprev diz que “somos uma empresa de tecnologia que atua no processamento de volumes de dados. No Auxílio Emergencial, faz o cruzamento das informações disponíveis nas bases do Governo do Brasil com dados autodeclarados no app pelo cidadão”.
Segundo a Caixa, um em cada quatro brasileiros (25%) cujo auxílio foi negado está em reanálise. Mais ou menos 19,9 milhões de inscrições foram consideradas inelegíveis pela Dataprev. Desse total, cinco milhões estão passando por uma segunda análise, feita pela estatal.