Quem diria que um micro-organismo invisível e vindo de tão longe mudaria a rota da nossa vida, deixando todo mundo em casa, em isolamento social e sem perspectiva de fim para este momento histórico que estamos vivendo. A globalização mostra que não está só nas redes, mas também no mundo real. Eu, que trabalho com humanos desde sempre, primeiro senti o impacto de pacientes que moram na Europa, com dúvidas entre qual enlatado consumir porque as prateleiras ficaram vazias muito rapidamente. E alimentos perecíveis, além de escassos, obrigavam as pessoas a sair de casa, o que ficou impossível em alguns lugares.
Depois, o alarde por aqui era: “Como faço pra melhorar minha imunidade?”, ou coisas do tipo: “Agora não é momento de fazer dieta” e a mais comum delas: “Socorro! Tô morrendo de ansiedade e atacando minha geladeira inteira!”. Vou comentar essas respostas porque muita gente pode se identificar com as perguntas.
Sobre os enlatados, já é sabido, de longa data, que não costumam ser saudáveis, e a resposta está: quanto mais longo o tempo de vida do alimento, mais curto o seu tempo de vida! Mas fica uma dica, por exemplo, para o consumo do atum enlatado. Opte pelo conservado em óleo, porque os metais pesados, em sua maioria, ficam retidos na gordura que você vai dispensar, e o alimento estará mais “limpo”; então, se precisar recorrer ao enlatado, nunca em água e sal ou molho de tomate. Sempre em óleo!
Sobre fazer dieta, trabalho muito na pegada da nutrição comportamental, não fosse eu psicóloga; então, não trabalho com dietas restritivas que impactam negativamente a imunidade das pessoas. Trabalho com a consciência de que é possível perder peso e viver bem, com saúde, comendo comida de verdade — e, sim, comendo!
Posso recomendar, neste momento, consumo de peixes de água fria, acerola, mirtilo para melhorar sua imunidade; no entanto, nenhum alimento isolado fará um milagre. Seu estilo de vida é o que conta, não esquecendo a qualidade do sono; nas minhas redes, tenho falado muito sobre isso. Você pode até ficar sem comer, mas, se ficar sem dormir, os prejuízos serão imensos para sua imunidade, emoções e o metabolismo como um todo.
Por fim, e a tal da ansiedade? Bom, essa pode ser agravada pelo isolamento social, mas acaba sendo a pedra no caminho de muita gente. Pra começar, respirar é o primeiro passo. Respire fundo! Saber distinguir a fome física da fome emocional também ajuda nos impulsos de atacar a geladeira a qualquer momento. Uma característica simples para reconhecer esses tipos de fome (física e emocional) é que, quando temos fome física, queremos matar a fome com o que tiver na frente.
Já a fome emocional, não; ela é dirigida a alguma coisa específica ou aquele famoso “quero comer uma coisa gostosa, mas não sei o quê”. Geralmente, são doces ou excessos de carboidratos. Atente-se a isso pra não sair da quarentena cabendo apenas nos pijamas, rss…
Importante é expor-se ao sol, nem que seja na janela, se você não tiver área externa em casa. Apenas 15 minutos por dia suprem o organismo de vitamina D, também importante à manutenção da imunidade. Evite pegá-lo diretamente no rosto; prefira os braços ou a planta dos pés.
Diante da necessidade de nos adaptarmos ao momento, retornei o serviço de entrega de refeições prontas da Oficina Humana, num formato mais simples, com cardápio feito por mim e executado por uma chef de cozinha. Lancei também um curso gratuito de como atender online, para ajudar colegas de profissão a sobreviver à quarentena.
Estamos num momento em que o feito é melhor do que o perfeito. Então, faça o possível e cuide-se com carinho.
Thaís Araújo é psicóloga, nutricionista e neurocoaching. Trabalha com ênfase em nutrição comportamental, modulação intestinal e nutrigenética. Tem experiência em atendimento online para quem estiver precisando de cuidados durante a quarentena.