O isolamento social causado pelo Covid-19 está levando o mundo inteiro a um período de dificuldades de saúde física e mental, além de problemas socioeconômicos. Quanto mais longo for esse tempo, pior para o estado de espírito de todo mundo, com uns mais atingidos que outros. A quarentena é um mal necessário, agravada pela insegurança passada pelos nossos governantes, o que só piora tudo. Impossibilita as pessoas de exercer suas atividades habituais, as profissionais e as de lazer.
O confinamento leva a distúrbios psíquicos, como depressão e ansiedade, que, por sua vez, aumenta a ingestão de alimentos, de bebidas alcoólicas e a redução na atividade física, ou seja, tudo que pode levar a uma piora do quadro cardiovascular.
Devemos reduzir a quantidade de alimentos e dar preferência a uma alimentação mais saudável, evitando gorduras, frituras etc. Quanto a bebidas, sabemos que doses menores (até duas taças de vinho) é bom para o aparelho cardiovascular. Já, doses elevadas podem causar outras alterações no organismo; além do fígado, o músculo cardíaco pode ser diretamente lesado.
Sobre o treinamento físico, sugiro atividades aeróbicas, principalmente caminhadas; com o confinamento, isso é mais difícil, claro. Eu, por exemplo, que moro numa ladeira, subo e desço todo dia, durante 30 minutos, o que também pode ser feito dentro de casa (temos que dar asas à imaginação). Na literatura médica, cita-se o caso de um italiano que conseguiu correr o equivalente a uma meia-maratona na varanda de sua casa, com cerca de 8 metros de comprimento.
Sobre as alterações psíquicas, devemos manter nossa mente ocupada, com livros e filmes, por exemplo. Já é sabido que o número de infartos do miocárdio, neste período de pandemia, reduziu em cerca de 50%. Por que será? A não procura das emergências por medo do coronavírus? A redução da poluição? A redução do estresse por não ir ao trabalho?
Não se sabe ao certo. Por outro lado, nos EUA e na Itália, houve um aumento de mortes súbitas em casa. Seria infarto sem atendimento? Também não se sabe ao certo. Em resumo, devemos manter-nos otimistas, tentando levar uma vida dentro das possibilidades de cada um de nós, o mais próximo à normalidade e, claro, evitar pensamentos negativos.
Cláudio Benchimol é cardiologista, professor-adjunto da UFRJ e da UERJ, membro-titular da Academia Nacional de Medicina, além de nome do mais alto conceito, com consultório sempre cheio, em Botafogo.