O Brasil está de luto pela morte de Moraes Moreira — aos 72 anos, depois de um infarto agudo do miocárdio — mais ainda a Gávea, bairro amado pelo artista, que fazia vida a pé e conhecia todo mundo pelo nome e vice-versa. Entre os seus lugares preferidos, certamente estavam o Garden Bistrô, no Shopping da Gávea, e o Talho Capixaba, onde dava as caras toda semana. Sentava, conversava e queria saber de tudo dos seus amigos-de-circunstâncias com quem criava afeto verdadeiro. Quem é que não sabe que o “Marais carioca” é praticamente uma cidadezinha do interior?
Por isso mesmo, os vizinhos vão fazer uma homenagem nesta segunda (13/04), das janelas de seus apartamentos, às 18h. A ideia foi da soprano Juliana Sucupira: “Moraes era meu vizinho de frente, um querido, companheiro de padaria. Ele vai fazer muita falta em suas caminhadas e simpatia pela calçada”, diz ela.
Mais ou menos um mês antes de morrer, Moraes escreveu o cordel “Quarentena”, sobre a pandemia do coronavírus no isolamento criativo, que entraria num livro de cordel e poesias que ele estava produzindo para este ano. Trecho da letra: “Eu temo o coronavírus e zelo por minha vida; mas tenho medo de tiros, também de bala perdida. Nossa fé é vacina… Assombra-me a pandemia que agora domina o mundo, mas tenho uma garantia, não sou nenhum vagabundo, porque todo cidadão merece mais atenção… Eu não queria essa praga, que não é mais do Egito, não quero que ela traga o mal que eu sempre evito…”
A propósito, o locutor e compositor baiano Pio Medrado começou um movimento para homenagear o conterrâneo chamando os amigos no WhatsApp para espalhar a ideia — cantar “Pombo Correio”, nesta segunda, às 20h, da quarentena, seja na Bahia ou em qualquer cidade do País.