Climão. Sabe o que fez Hélio Cabral, o ex-presidente da Cedae, nesta terça (11/02), em audiência pública, na Alerj, sobre a crise da água? Saiu da sala sem responder às perguntas de deputados e da população. Cabral passou quase meia hora mostrando gráficos, números e culpando as gestões anteriores, defendeu a demissão dos 54 técnicos (“Tínhamos uma elite que ganhava salário de duas a três vezes um ministro do STF”). Também falou sobre os processos trabalhistas, comentando que o gasto de R$ 1.6 bilhão com ações e salários “compraria alguns apartamentos na Vieira Souto, daria para fazer o saneamento do Guandu e ainda sobraria dinheiro”.
Aos gritos da plateia de “CPI, CPI, CPI!”, ele pediu para fazer um pronunciamento final. Nesse momento, Gustavo Schmidt (PSL), presidente da Comissão de Saneamento Ambiental, interveio, dizendo que só no fim da audiência: “Desculpa, senhor Hélio, mas vou ter que interromper porque ninguém aguenta mais o seu discurso. Queremos perguntas e respostas sobre esse desmantelamento criminoso da Cedae, até porque o senhor não faz mais parte da companhia. Vou cortar o seu microfone”.
Depois de inúmeros pedidos, ele pôde falar. “O governador Witzel decidiu indicar um profissional mais técnico, e essa definição vai acontecer ainda hoje. Faço questão de ressaltar que existe um déficit histórico no saneamento básico. Não há mágica, apenas soluções a médio prazo. Como acabei de mostrar, avançamos no primeiro ano. Não vou responder a perguntas; isso é para o meu sucessor (provavelmente Renato Lima, do Espírito Santo)”. Tal atitude só pode vir da certeza de impunidade.
Bastou para a revolta geral. “Quem tem que responder é o senhor, e não jogar problema no colo dos outros. O senhor não teve a capacidade de fazer nada nesse último ano, a não ser a covardia de demitir 54 técnicos que ajudaram a construir a empresa pela qual o senhor não tem respeito algum. Vamos encaminhar a iniciação da CPI da água da Cedae; ele tem que responder. Isso é um absurdo. E o senhor deveria beber essa água”, disse Gustavo.
De nada adiantou, Cabral saiu, mas antes, a deputada Lucinha (PSDB) pegou o microfone e falou: “Se o ex-presidente é um ‘cagão’ e foi embora, nós não somos e vamos continuar aqui e discutir o que faremos.”
Na saída pelos fundos, alguns manifestantes seguiram o carro de Cabral, que estava escoltado por dois seguranças, xingaram e jogaram água suja nos vidros.
A “fuga” de Hélio Cabral da Alerj. Imagens de Daniela Orofino, do @Meu_Rio pic.twitter.com/pUuYuiZnul
— Gabriel Barreira (@barreiragabriel) February 11, 2020
Esse é Hélio Cabral fugindo da Alerj. Ele disse que não se sentia confortável em responder as perguntas e SAIU CORRENDO. Parabéns @CedaeRJ estavam bem representados 👏🏻👏🏻👏🏻 #crisedaaguarj #cedae pic.twitter.com/2GgsApH53W
— Tatiana Campbell (@CampbellTati) February 11, 2020
Helio Cabral, demitido ontem da presidência da CEDAE, foge da Alerj sem dar explicações sobre a qualidade da água fornecida pela empresa. #Cedae pic.twitter.com/J0jrek3zOW
— Flavio Serafini (@serafinipsol) February 11, 2020