Desde as 18h dessa segunda (27/01), a Av. Afrânio de Melo Franco, no Leblon, em frente ao Teatro Casa Grande, começou a dar sinais de um dia agitado para a cultura carioca. Mais ou menos 200 pessoas, entre diretores, artistas como Aderbal Freire-Filho (que fez um discurso emocionado), Maitê Proença, Zuenir Ventura, Cissa Guimarães e Lucinha Lins, além de representantes da Sociedade Brasileira de Autores e Artistas de Teatro (Sbat) e do sindicato dos artistas e a população, se dividiam dentro e fora do espaço, para um ato em defesa da casa, contra a publicação de um edital de licitação do terreno pelos próximos 20 anos, divulgado pelo Governo do Rio e suspenso a pedido do TCE. A atual direção quer renovar o contrato para uso do teatro por mais tempo, e quem estava lá pedia o mesmo — no fim, todos deram as mãos para um abraço simbólico.
“Estamos aqui apenas para pedir que a secretaria compreenda a singularidade deste espaço sociocultural. Não consideramos isso um protesto, mas um ato a favor da cultura e da cidade. Não estamos contra ninguém”, disse Léo Haus, diretor e gestor do Casa Grande, ao lado do pai, Max Haus. Há 54 anos, o teatro, que é tombado, funciona com dinheiro privado, mas o terreno é público. Fundado em 1966, foi lá que aconteceram fatos históricos, como a anúncio do fim da censura no Brasil, em encontro que reuniu mais de 800 pessoas em 1985.
“A gente enfrentou a censura, as ameaças na época da ditadura; esse espaço resistiu. A gente tem que estar nessa história e nessa luta para impedir que esse teatro sofra alguma coisa. Ele devia estar sendo exaltado, e não colocado em questão”, disse o jornalista Zuenir Ventura.