Imagina Marcelo Crivella entre sambistas cariocas? O prefeito, que não gostava de samba até então, recebeu uma turma no Palácio da Cidade, em Botafogo, nesta quarta (22/01), para entregar 15 medalhas da Ordem ao Mérito Cultural, criada em 2018.
Entre os homenageados, Nelson Sargento, aos 95 anos, e Arlindo Cruz, saindo de casa pela primeira vez desde o AVC sofrido em março de 2017, ao lado da mulher, Babi, que aproveitou para dar uma alfinetada no prefeito. “A premiação é merecida e foi por votação popular. Ele é um cara que sempre viveu em nome da cultura. Só acho que Crivella está no último carnaval do mandato e, por uma questão de princípios, tomou essa decisão. Antes tarde do que nunca”. Fernanda Montenegro, dona de uma das medalhas, não apareceu, como muitos gostariam.
E repara só o discurso do Crivella: “A homenagem foi pequena diante do vulto que vocês representam para a nossa cultura. Não há palavras que possam dimensionar o trabalho que vocês fazem por nós todos. A herança que vão deixar é muito maior do que concreto, madeira, pedra e outros monumentos que se fazem com dinheiro. Essa é a nossa mais sincera homenagem, reconhecimento e gratidão. Os nomes de vocês ficam inscritos com letras de ouro, de maneira indelével, na gratidão dos homens e mulheres de bem do Rio”. Que tal? Logo depois, relembrou o investimento na cultura, dizendo que, este ano, o Rio terá R$ 54 milhões e “quem sabe até um pouco mais, para investir em cultura com os recursos incentivados do ISS”.
Depois de receber a medalha, Maria Moura, responsável pela tradicional lavagem da Marquês de Sapucaí, também criticou a falta de participação do prefeito com as pessoas que fazem o carnaval carioca e foi aplaudida. “Nós criamos um carnaval democrático, senhor prefeito. Fizemos uma coisa que os políticos têm dificuldade: trouxemos a comunidade para a Sapucaí. A festa é para todos. O senhor podia participar?”, disse ela, certamente causando um arrepio na espinha do prefeito, que preferiu o silêncio.
Além de Arlindo, Sargento e Maria Moura, foram homenageados a Associação das Baianas de Acarajé do Estado do Rio (Abam Rio), Associação das Escolas de Samba Mirins do Rio, Espaço Cultural BNDES, Circo Crescer e Viver, Museu da Maré, Mestre Derli, David Vieira Bispo, Candonga (ambos post mortem), Adelzon Alves e Biblioteca Estação Leitura, representada por Cristina Oldemburg.