Os relatos da piora da qualidade da água distribuída pela Cedae no Rio só aumentam. Nesta terça (14/01), moradores da Zona Sul acusam o gosto de terra na água — o problema começou há oito dias, com reclamações de moradores de 46 bairros e municípios da Baixada. No entanto, o povo quer mesmo é uma satisfação das autoridades já que nenhuma disse nada, desde Helio Cabral Moreira, presidente da estatal, a Wilson Witzel, governador do Rio, de férias em Orlando (vale lembrar que Hélio foi nomeado por Witzel no início da gestão). Nas redes sociais, internautas também comentaram sobre a demissão de 54 funcionários da empresa, em março, que tinham entre 25 e 40 anos de experiência na Cedae.
Para o biólogo Mario Moscatelli, o silêncio tem uma explicação: “Vivemos num lugar que se alimenta de tragédias produzidas em série, e nunca há nenhum culpado. Os municípios não controlam o crescimento urbano desordenado, tampouco apresentam demandas para o saneamento de suas áreas, e o produto final — lixo e esgoto — jorra nas bacias hidrográficas, ficando o dito pelo não dito. Quem monopoliza o serviço promete projetos que não saem do papel. A água fica cada vez mais carregada de contaminantes variados, muitos dos quais são incapazes de ser removidos com o tratamento usual, que já faz milagres transformando pasta de excrementos em água potável”.
Mario, que acompanha o ecossistema carioca desde 1997, principalmente nas lagoas e nascentes, costuma denunciar todos os problemas que presencia em sobrevoos do projeto “Olho Verde”. Segundo ele, “nada mudou para melhor. Agora serão criados gabinetes de crise, inspeção desse e daquela instituição, vistorias de experts e mais vistorias, monitoramentos disso e daquilo, mas as causas ninguém vai atacar, isto é, crescimento urbano desordenado e falta de saneamento universalizado, temas delicados do ponto de vista político. A esperança morreu; simplesmente cansou de repetir a expectativa de dias melhores”.