![](https://lulacerda.ig.com.br/wp-content/uploads/2019/12/saramago-c.jpeg)
As paredes das escadas do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, mais conhecido como Hospital do Fundão, da UFRJ, estão mais artísticas com frases do escritor português José Saramago (1922-2010), Nobel de Literatura. Nos quatro andares, foram escritos pensamentos como “Dentro de nós há uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos”, dentre outros trechos de “Ensaio sobre a cegueira” (1995), obra-prima do autor.
As letras não foram simplesmente jogadas, mas estudadas por três meses pelos alunos do curso de Arquitetura da UFRJ — não são linhas retas e, dependendo do ângulo, as letras mudam de tamanho e perspectiva — pelo programa “Arte na veia”, coordenado pelas médicas e professoras Ana Mallet, Andréa Borges, Cristiane Vilela e Lúcia Azevedo, do curso de Medicina da UFRJ. “Sou médica, mas fiz doutorado em Letras, e já tem algum tempo que a gente tenta trabalhar com as duas disciplinas, que têm tudo a ver. A reação dos estudantes foi ótima. A formação é muito pesada, alguns alunos ficam deprimidos durante o curso, daí as frases dão uma aliviada e levam a refletir”, diz Mallet.
Quanto ao hospital — que é Federal e não passa pelo “coma” do sistema de Saúde carioca, mas vive em apuros — estar sempre nas manchetes, quase nunca positivas, seja pela falta de material, atendimento, infraestrutura etc., Ana diz que esse trabalho serve, também, para enviar uma mensagem positiva. “A gente quer viver, tanto os professores, médicos e funcionários, porque aqui existe amor ao trabalho. Não gostamos nada do governo, dos ataques às universidades, então, é um recado dizendo que a gente não vai desistir”.