O mais esperado do encontro/manifesto “Cultura, Liberdade de Expressão e Democracia”, organizado pela Associação de Produtores de Teatro do Rio (APTR), contra a censura e pela defesa da liberdade de expressão, no Galpão Gamboa, não deu as caras. Era Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados, que cancelou pela chuva forte que caiu na cidade, mas enviou um vídeo que foi mostrado logo na abertura. “Tenho certeza que, aqui na Câmara (dos Deputados), estaremos sempre lutando pela cultura. E o investimento na área de cultura é fundamental, somado a nossa liberdade de expressão, que é um país que vai crescer, que quer ser próspero e a democracia precisa garantir isso para a nossa população”, disse Maia.
A APTR reuniu artistas e quase todos os ex-ministros da Cultura desde 1985, quando o Ministério foi criado, tais como: Francisco Weffort, Luiz Roberto Nascimento e Silva, Sérgio Paulo Rouanet, Gilberto Gil, Marta Suplicy, Ana de Hollanda e Marcelo Calero (Sérgio Sá Leitão, secretário de Cultura do governo Doria, em São Paulo, teve o voo atrasado por causa da chuva), além da deputada federal Benedita da Silva (comissão de Cultura da Câmara), o deputado estadual Eliomar Coelho (da Comissão de Cultura da Assembleia Legislativa do Rio) e o vereador Reimont (comissão de Cultura municipal).
Foi exibido um vídeo com atos considerados censura, com a atriz Carolina Virguez fazendo apresentação do trecho de “Caranguejo Overdrive”, que foi vetado no CCBB. Geraldo Carneiro, poeta e imortal da ABL, leu um manifesto em defesa da liberdade de expressão, e passou a vez para o colega de academia Sérgio Paulo Rouanet, o criador da lei que liberaria incentivos fiscais à Cultura no governo Collor (1991). Ele foi ao evento em cadeira de rodas. “Posso não concordar com nenhuma palavra que dizes, mas vou lutar até o fim pelo teu direito de dizê-lo”, disse ele aplaudidíssimo, citando a frase atribuída a Voltaire.
Marcelo Calero, ministro da Cultura do governo Temer, citou o diplomata, político e jurista Joaquim Nabuco: “Eduquem os seus filhos, eduquem-se a si mesmos, no amor da liberdade alheia” para começar o seu discurso — “esses tempos não permitem descanso aos que defendem o estado democrático de direito e a democracia. A importância estratégica do setor audiovisual como vetor do desenvolvimento nacional deve ser preservada. Do contrário, mais uma vez, o cavalo vai passar encilhado e o Brasil ficará pra trás”; em seguida disse que vai propor ao Senado e à Câmara manter o Fundo Nacional de Cultura e o Fundo Setorial do Audiovisual, com a PEC dos Fundos Públicos.
Gil, ministro do governo Lula, cobrou a continuidade das políticas públicas anteriores. “Todos nós fizemos o possível dentro das limitações e tentamos oferecer o que podíamos em termos de escuta da sociedade e à sinergia com outros órgãos, Congresso, estados e municípios, para viabilizarmos os projetos. É a continuidade dessas políticas públicas que cobramos, assim como o respeito às conquistas do nosso passado e uma visão mais generosa do nosso futuro”.