Entre os trabalhos da mostra “Arquipélago”, de Alexandre Murucci, em cartaz até 21 de setembro, na Galeria de Arte Maria de Lourdes Mendes de Almeida, em Ipanema, vem chamando atenção, logo de cara, a escultura “O onanista”, onde no lugar do pingolim, aparece uma pistola. “Toda a exposição é sobre o momento atual. ‘O Onanista’ é uma mistura de poder, belicismo, cultura à arma e, por que não dizer, uma cultura sexual chauvinista e de masculinidade tóxica, muitas vezes misógina e sempre abertamente contrária aos direitos de gênero”, diz o artista, cujo trabalho é uma referência ao “Man in Polyester Suit” (1980), de Robert Mapplethorpe, uma foto de um homem usando terno e com a braguilha aberta.
Murucci, que está comemorando 15 anos de carreira, ainda aborda temas como a diversidade de gênero — no trabalho “(H)istória”, uma faca idêntica a do atentado a Jair Bolsonaro, com cílios postiços colados e glitter (Murucci levou dois meses para descobrir o modelo igual ao que a polícia libertou para a imprensa) —, a devastação da Amazônia, ameaça aos povos indígenas e projetos de futuro da nação que nunca se concretizam.