Carlos Vereza, um dos poucos artistas assumidamente favorável ao governo de Jair Bolsonaro, fez críticas pela primeira vez, em conversa com a Agência Efe, nesse fim de semana, durante o Festival Internacional de Cinema de Madri, Espanha. “Bolsonaro está levando mal a gestão cultural, por preconceito dos seus assessores; não, dele. O fato de ter votado nele não significa que eu seja um fanático. O seu partido o faz priorizar certas imagens militares, com as quais não estou de acordo. Não posso pedir a Bolsonaro que seus ídolos sejam Baudelaire, Rimbaud ou Velázquez”, disse.
Vereza ganhou o prêmio de melhor trilha sonora pelo filme “O Trampo”, sua estreia como diretor, aos 79 anos, além de atuar e ter escrito o roteiro e a trilha. Finalizado em novembro passado, o filme foi rodado em 30 dias, em ordem cronológica, e tem participação de Rosamaria Murtinho como uma cantora de cabaré da Praça Mauá, além de Leon Góes e Secy Jannuzzi.
A produção custou R$ 300 mil e, Vereza, um crítico das leis de incentivo à cultura, fez questão de deixar claro que não usou 1 real de dinheiro público. “Bolsonaro tem um olhar um tanto sectário para a cultura porque os artistas o criticaram fortemente. Acredito que ainda tem um rastro de vingança e acho que tem que ser mais flexível com a cultura”, disse. “O Trampo” estreia no Brasil, no primeiro semestre de 2020; antes disso, passa por mais festivais internacionais.