A primeira vez que me envolvi pesado com meio ambiente foi em 2011, na época do movimento “Gota d’Água”, que criei para falar sobre a usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. Eu ficava no Twitter vendo o movimento “Xingu Vivo”, uma organização sem fins lucrativos lá de Altamira. Eram sabidas as questões da usina e como ela prejudicaria os povos do Xingu. Isso me comoveu e fiquei querendo entender por que as pessoas não se afetavam. Daí eu criei o movimento, que conseguiu um milhão de assinaturas em um período recorde de uma semana. Convidamos colegas, como Juliana Paes, Murilo Benicio, Dira Paes, Marcos Palmeira… e fizemos o vídeo, que acabou até sendo capa da Veja.
A repercussão da Gota foi impressionante: me mobilizou muito. Quando convidado para escrever um artigo, na hora pensei em falar sobre o que considero a coisa mais importante para garantirmos o nosso futuro, dos nossos filhos e netos: preservação ambiental. Porque um meio ambiente saudável e equilibrado é uma questão de saúde, economia, educação, qualidade de vida e, mais do que nunca, futuro garantido. Quando vamos entender que tanto economicamente quanto civicamente estamos todos conectados? Nossos destinos, nossa prosperidade e o nosso bem-estar, tudo está interligado!
A lógica seria que o Brasil, território com a maior biodiversidade do Planeta, liderasse o movimento global de preservação ambiental devido ao consenso do que a Ciência nos diz sobre as ameaças do aquecimento global. Poderíamos gerar emprego e riqueza com tudo que a natureza nos fornece, de maneira equilibrada e sustentável. No entanto, devido a interesses de uma minoria, alguns líderes políticos, como o nosso Presidente Bolsonaro, negam ou denigrem a Ciência.
É necessário que o povo brasileiro se organize e reivindique ao atual governo que pare o desmonte do sistema de proteção ambiental (criado ao longo de 30 anos de democracia por diversos governos diferentes!). Não podemos e não vamos permitir o atual retrocesso e descaso com a nossa natureza, biodiversidade, e as culturas originárias do Brasil. O Ministério do Meio Ambiente deve defender um bem comum cujo equilíbrio é fundamental para a vida na Terra e é inadmissível o que “sinistro do meio ambiente tem feito”, agido em nome dos interesses do agronegócio, apenas. Eles não podem roubar o nosso futuro. Não têm esse direito. Ninguém tem esse direito!
Nossos líderes falam muito em Deus, se dizem religiosos, mas têm sangue indígena nas mãos. Dizem que amam seus filhos e netos, mas exterminam, junto com o nosso ambiente, o futuro deles. E sabem disso, sabem que mentem. A verdade é que a crise climática é real, está acontecendo debaixo dos nossos olhos, é uma questão global, sistemática, e as consequências vão ser catastróficas. Esse sistema, que busca a acumulação do dinheiro e os lucros acima de qualquer custo humano ou ambiental, não é sustentável.
É preciso colocar a sociedade e o Planeta em primeiro lugar; o bem-estar social deve ser prioridade. Estamos vendo as consequências de colocar o lucro acima de tudo, com pessoas ganhando menos do que precisam para viver, e ecossistemas fundamentais para o equilíbrio planetário sendo destruídos.
Nós podemos amenizar a crise climática e as consequências do aquecimento global, se agirmos agora, e juntos! A primeira coisa é falar, falar sobre isso, cobrar mudanças individuais e das grandes corporações. Nós temos que fazer isso, temos que ficar putos da vida com as empresas e governantes que negam a crise ou não apresentam soluções para o problema. Somos consumidores e eleitores; o poder de mudança está nas nossas mãos!
Boicotar marcas que só poluem e não agem pra solucionar o problema é uma boa maneira de provocar a mudança nas empresas. E precisamos agir assim não pra salvar o Planeta, mas a vida na Terra, inclusive, a vida humana. A hora é agora, depois já é tarde. Enfim, resolvi escrever sobre isso porque estamos vivendo um momento em que o Governo está regredindo demais nessa área. O que está acontecendo são vários crimes ambientais com o aval do MMA que é financiado por nós, que somos contribuintes.
Sergio Marone é ator de talento reconhecido, com mais de 32 trabalhos desde que entrou para a TV, em 2001. Sempre atento às causas ambientais, foi um dos criadores do “Movimento Gota d’Água”, contra a construção da Usina de Belo Monte.