O cardeal Dom Orani Tempesta falou pela primeira vez, nesta quinta-feira (28/02), em pronunciamento na Rádio Catedral, depois do depoimento de Sérgio Cabral, no qual ele fez declarações envolvendo o arcebispo em esquema de desvio de verba da saúde no estado, em reportagem da revista Época. “Creio que todos veem as notícias que saem na mídia e queria abrir meu coração para cumprimentar a todos e agradecer as manifestações carinhosas, confiança, esperança e a certeza do que tenho realizado através da Arquidiocese até hoje. Nossa casa está aberta a qualquer pessoa. Sempre recebo a todos, assim como também vou a muitos lugares para compartilhar alegrias, tristezas, sofrimentos. Esse relacionamento não escolhe pessoas. Todos são testemunhas e, por isso mesmo, nesse afã de procurar servir, nós vamos continuar sempre sendo julgados, muitas vezes de maneiras não muito corretas”, disse Dom Orani, sem mencionar nomes.
“Estou muito bem, com a consciência tranquila e em paz. Ao mesmo tempo, desejo que vocês continuem rezando por mim e para que as pessoas que nem sempre falam muito bem dos outros experimentem também o perdão, a reconciliação e a paz em seus corações. Que juntos possamos construir um mundo mais justo, mais humano e mais fraterno.”
Entenda o caso: um dos colaboradores da Operação S.O.S., desdobramento da Lava Jato no Rio, o ex-padre Wagner Augusto Portugal, que, durante anos, foi assessor direito de Dom Orani, confessou sua participação no desvio de R$ 52 milhões dos cofres estaduais, envolvendo contratos da Secretaria de Estado de Saúde do Rio com a organização social católica Pró-Saúde em 2013. As investigações caminhavam em segredo até a terça-feira (26/02), quando Cabral (foto), em nova estratégia de defesa, prestou depoimento ao juiz Marcelo Bretas.