Se você “der um google” em cerimonialista, provavelmente vai dar de cara com uma lista imensa de um único nome: Ricardo Stambowsky, uma grife há muito tempo. O primeiro casamento ele fez lá em 1987. Até então, trabalhava como advogado na área de cobranças, na construtora do pai. Depois disso, nunca mais pegou numa pasta de documentos ou fez contas chatas – só de comidas, bebidas, convidados, horas de evento etc. E nem em 33 anos de carreira ou em sonho, ele poderia imaginar o que o aguardava: foi contratado para fazer o coquetel de lançamento do crematório e do cemitério vertical do tradicionalíssimo São João Batista, em Botafogo, no dia 28 de novembro.
É a sua primeira vez como cerimonialista num cemitério?
Realmente, eu nunca tinha organizado um evento deste porte em um cemitério! Já havia organizado alguns velórios e missas fúnebres, mas este evento para mim é inédito, até porque ninguém morreu. Será a comemoração do lançamento da “Pedra Fundamental” de uma nova etapa do cemitério São João Batista, onde serão construídos um crematório (o primeiro da Zona Sul) e um cemitério vertical dentro dos padrões mais modernos.
Você achou esse trabalho surpreendente?
Vai ser algo surpreendente, e os convidados vão passar por uma experiência fantástica. Está sendo construído um “Túnel do tempo” de 20 metros, onde se terá uma visão da trajetória desse que é considerado o cemitério mais bonito e importante da América Latina.
Os preparativos e o cerimonial são os mesmos que os para um evento qualquer?
Os preparativos estão com um equipe supercompetente: além do meu cerimonial, a “Open house” está cuidando do catering, a “Crystal Palace”, das estruturas (está sendo construída uma grande tenda refrigerada bem no centro do cemitério, onde acontecerá o coquetel) e o marketing está sendo feito pela “Canal A”, e Monica Pugga como responsável pela equipe de vídeos. Tudo sob o comando do Geraldo Monge, da “Rio PAX”, que tem a concessão do São João Batista, e da Daniela Mantovanelli, coordenadora da Prefeitura do Rio.
Teria como comparar a uma festa, digamos, comum?
O trabalho é o mesmo que em qualquer evento, mas o fato de ser dentro de um cemitério tão importante, onde repousam tantos personagens ilustres da nossa história, faz com que a emoção seja muito maior.
No México e em alguns lugares dos EUA, a morte é comemorada com festa. Acredita que os brasileiros, um dia, possam celebrar a morte?
Eu sempre penso que, se tivermos fé, morreremos e vamos para junto de Deus. Não tem motivo para tristeza.
Dentre todos os eventos que você fez, esse foi o mais esquisito de todos?
Não existe evento esquisito! Estamos sempre comemorando alguém ou algum acontecimento.
E quais os mais curiosos nesses 33 anos de carreira ou de mais destaque, como o casamento da economista Roberta Gradel e da farmacêutica Priscila Raab no Copa, assunto amplamente divulgado. Como é isso pra você?
O casamento das meninas Roberta e Priscila teve muita repercussão porque elas permitiram que fosse divulgado, até para servir de bandeira, mas eu já fiz outros casamentos gays que não foram noticiados pela mídia. Na verdade, os casamentos são sempre convencionais, inclusive os gays – na cidade, no campo, numa praia, num barco, no Cristo Redentor, mas sempre dentro do esquema tradicional!
Tudo pode ser uma festa?
“A Vida é uma Festa” foi o título do meu livro publicado em 2010. Continuo pensando assim.
A crise atinge o seu mercado?
Todos os setores foram atingidos por esta crise! Mas a esperança é a última que morre já que estamos falando de cemitério…
Foto: Rogério Ehrlich