Doença grave. Ato de incomodar gravemente alguém. Seu moléstia. Termo da moda para designar abusos com crianças, notadamente sexuais. Seja como for usada a palavra traz, além da forte carga negativa, algo que se abate sobre alguém, mudando a vida, o tempo, e com consequências graves. Tudo isso e mais um conflito religioso é o fio condutor de Moléstia.
O texto de Herton Gustavo, com direção de Marcéu Pierrotti, leva os 4 atores, Ciro Sales, Camila Moreira, Deborah Figueiredo e Felipe Dutra a executarem um belo ballet no qual, aparentemente se conta a história sobre o abuso sexual de um menino autista, mas o que se vê são conflitos de amizade, casamento, poder, educação, religião. Para Marcéu Pierrotti, “o ponto chave do texto de Herton Gustavo é a abertura que ele oferece para um jogo de acusações sem provas, a partir de um tema que exige atenção. Todos ali podem ser culpados e suas responsabilidades são desmascaradas ao longo do espetáculo”, revela o jovem diretor.
Pai (Felipe) e mãe (Camila), o amigo e acusado (Ciro) e a madre (Deborah) se misturam também no registro de vídeo que dialoga com a encenação, mostrando detalhes, as pessoas, o movimento dos sentimentos. Esse jogo só acentua os conflitos traduzidos nas palavras, nos gestos, em um embate brutal que vai num crescendo. Incomoda ver como a crueldade humana não tem limites. Essa é a nossa maior moléstia.
Serviço:
Teatro Glaucio Gil.
Quartas e Quintas às 20:30.