“Outro dia, estava eu dançando no lounge do restaurante Flashback, quando um homem se aproximou e perguntou: “Você é filha da Cláudia Mauro?” Abri um sorriso imenso e disse: “Não, querido, eu SOU a Cláudia Mauro!” Ainda olhando em dúvida pra mim, ele indagou: “Desculpa, mas quantos anos você tem?” Respondi: “Cinquenta, e não precisa se desculpar. Cinquenta com muito prazer. Sou a Cláudia e minha filha tem apenas 7 anos”. Ele sorriu e disse: “Parabéns!” Na verdade, eu ando mentindo por aí. Eu tenho 49. Sou de 1969 — 50, só em 2019 —, mas já me considero uma mulher de 50.
E como falar de nós, mulheres de 50? Muitos dizem que o mundo está girando mais rápido e que o dia não dura 24 horas e, sim, em torno de 22. Há quem diga que, entre o nascer e o pôr do sol, não se contam 12 horas. Portanto, o tempo do relógio não seria o tempo do mundo; a nossa idade cronológica não seria a nossa idade real. Dentro dessa teoria, estaríamos economizando diariamente 1 horinha aqui, outra ali, e, com isso, estaríamos ganhando alguns anos de vida ao longo do tempo.
O que quer que seja, é fato que a humanidade evoluiu e que estamos chegando à segunda metade da vida muito melhor que antigamente. Surgiram os “sem idade” — aqueles que não sabemos se têm 30 ou 50 —; os “sexalescentes” – aqueles que chegam aos 60 e vivem como adolescentes —; e as “swofities” — mulheres solteiras com mais de 50, desejadas e que despertam admiração. Nesse ponto, acho que a natureza não acompanhou a evolução. Meninas continuam menstruando aos 12 anos. Pra quê? Isso fazia sentido antigamente, quando a humanidade não passava de 50. A mulher tinha que procriar, dar continuidade à espécie. A menina casava com 13, tinha o primeiro filho aos 14, o último aos 30 (tinha 20 filhos) e, aos 40, era uma “senhorinha” e morria aos 50, com sorte. Outro dia, li um artigo que mostrava uma notícia de um jornal de 1950 que dizia: “Idosa de 42 anos”.
Hoje, nessa idade, a mulher pode engravidar. Mulheres deveriam menstruar aos 21; gravidez, só na maioridade – climatério, menopausa, só depois dos 70! Mas, enquanto a natureza não nos acompanha, o segredo é nos prepararmos para entrar na menopausa como se entraria numa gravidez. Com toda a experiência de uma mulher madura, não precisamos ficar escravas de tratamentos nem neuróticas com coisa alguma. Não precisamos nos preocupar com o que dizem ou acham de nós. A virada pra segunda metade da vida pode ser um momento precioso se cuidarmos da nossa autoestima e da nossa saúde. Apesar de muitas perdas e, talvez até por isso, passamos a ter certeza do que queremos e do valor do tempo. Ser feliz consigo é a prioridade absoluta.
Nessa idade, ficamos mais ativas e mais dispostas a novas experiências. As inúmeras solicitações fazem buscarmos relacionamentos com menos cobrança, com mais prazer. A beleza passa a ser relativa. As escolhas ficam em nossas mãos. Sabemos onde e como acionar o que desejamos. Se a mulher de 50 anos tomar consciência e viver sua plenitude, com autonomia do seu prazer, segurança e autoconfiança, pode encontrar o melhor momento de sua vida. É o feminino da natureza alcançando o seu maior potencial”.
Cláudia Mauro é atriz e atualmente interpreta Maria na novela “Jesus”.