O verão nova-iorquino está quase mais quente do que o inverno carioca – pelo menos, nos eventos brasileiros. Vai até 12 de agosto a 8ª edição do Brasil Summerfest em Nova York, segundo Petrit Pula, o fundador e diretor do evento, a maior de todas as edições, com expectativa de 16 mil pessoas nos 15 dias de festa espalhados pela cidade. Vai ter feira com comidas e bebidas brasileiras, festival de cinema – incluindo a exibição do documentário “Chico – artista brasileiro” (2015), de Miguel Faria Jr., sobre Chico Buarque -, e shows de Seu Jorge, Negro Leo Tiê e Rubel, BaianaSysten, Hamilton de Holanda, Xênia França, Roberta Sá, Ava Rocha, Jair de Oliveira, além de roda de choro, samba e DJs, como Gaspar Muniz, filho do artista plástico Vik Muniz, que mora na cidade.
O Brasil Summerfest (BSF) foi lançado em 2011 como uma plataforma para a música brasileira ser mostrada a um público amplo. “Trabalhei com música e artistas brasileiros por vários anos antes do lançamento do BSF e fiquei impressionado com todos os novos talentos da música contemporânea.”
Você cresceu em Kosovo e Nova York. Como se envolveu com a música brasileira?
Conheci Caetano Veloso, Gilberto Gil, Milton Nascimento quando fazia faculdade em Nova York, uma cidade com uma cultura plural. Comecei a tocar como DJ e a dar festas; essa foi minha entrada no mundo da música e dos eventos. Alguns anos depois, entrei na Nublu e cuidei do selo por quase 10 anos, de 2005 a 2014. Foi quando eu realmente mergulhei na música brasileira e conheci muitos artistas e músicos. Minha primeira viagem ao Brasil foi em 2007; amei a energia, e as coisas simplesmente fizeram sentido. Voltei ao Brasil muitas vezes depois disso. O Brasil é rico musical e culturalmente e merece ter um grande festival em uma cidade como Nova York.
Como surgiu o Brasil Summerfest?
Descobri que havia tantas músicas novas e antigas no Brasil que, infelizmente, nunca chegam até aqui. A ideia era mudar isso. Eu queria criar uma plataforma para esses artistas mostrarem suas músicas a uma ampla audiência de Nova York. É algo que eu queria começar em 2009, mas não rolou, até que fui convidado para ir ao Recife com Erika Elliot, a diretora artística do SummerStage (festival de música que acontece no Central Park), e tive a chance de mostrar a ela a incrível energia da cena musical local. Fomos ver o Marcelo D2 em 2010 e, no ano seguinte, levei-o para fazer o show principal do primeiro Brasil Summerfest no Central Park SummerStage. O evento se transformou em um festival de vários locais e dias com sucesso imediato.
A situação econômica do Brasil atrapalhou em algo?
A situação política e econômica tornou as coisas piores em termos de investimento, especialmente para a arte e cultura. O mais difícil foi a desvalorização da moeda, o que tornou tudo muito caro para artistas e participantes virem pra cá. É raro recebermos apoio financeiro do governo ou de empresas que só operam no Brasil; por isso aprendemos a não depender delas.
Como surgiu a ideia de levar o filme do Chico Buarque?
Trabalhamos em colaboração com o programa Cinema Tropical, do Consulado brasileiro em Nova York, e conseguimos a exibição através do produtor do documentário, Miguel Faria Jr. Vai ser a pré-estreia do filme nos Estados Unidos, e Chico Buarque é um dos artistas mais influentes de todos os tempos.
Pretende trazer o festival ao Rio?
Por que, não? Planejamos expandir para muitas cidades, contanto que tenhamos os parceiros certos que compartilhem nossa visão de apresentar música e cultura brasileira de qualidade e criar novas experiências.
Por Viviane Faver, de Nova York.